A uma semana da greve nacional no sector da Educação, convocada para 15 de Maio, estudantes, professores e investigadores mobilizaram-se, esta quarta-feira, em várias cidades brasileiras, em defesa da ciência e contra os cortes e o desmantelamento da educação, por parte do governo de Jair Bolsonaro.
As mobilizações tiveram lugar na sequência do anúncio recente feito pelo Ministério da Educação de bloqueio de 30% nas verbas destinadas às universidade e institutos federais, que foi repudiado nas cidades de Curitiba, Natal, Niterói, Porto Alegre, Recife e São Paulo, a exemplo do que aconteceu, no início da semana, no Colégio Militar do Rio de Janeiro, segundo refere o Brasil de Fato na sua edição de ontem.
Participando na marcha que, em São Paulo, reuniu quase três mil pessoas, a doutoranda em Energia pela Universidade de São Paulo e co-fundadora do Coletivo Cientista, Mariana Moura, defendeu que a diminuição no investimento em investigação poderá ter impactos severos na economia brasileira.
«É um desastre do ponto de vista real e para o futuro ainda pior. Porque vai manter o país a vender matéria-prima, a comprar tecnologia e subdesenvolvido, na miséria – é esse o resultado a longo prazo de uma política como essa», sublinhou a investigadora.
Em Natal (estado de Rio Grande do Norte), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência organizou, além do protesto, aulas livres, mostras científicas e actividades artísticas em que participaram mais de mil pessoas. No Recife (Pernambuco), reitores de cinco universidades públicas do estado denunciaram os cortes criando um calendário de mobilizações, para assim vincarem a importância das instituições de Ensino Superior.
Em Niterói (município do Rio de Janeiro), cerca de 10 mil manifestantes mobilizaram-se contra os cortes anunciados pelo governo de Bolsonaro, assim como em Curitiba (Paraná) e Porto Alegre (Rio Grande do Sul).
Entretanto, revela o Brasil de Fato, enquanto decorriam as mobilizações de protesto, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES) anunciava a suspensão de novas bolsas de mestrado e doutoramento em todo o país.
Universidades param dia 15
Os preparativos já estão em curso há pelo menos dois meses, na forma de debates, aulas públicas, reuniões e assembleias locais, desde que o governo federal começou a acenar com perseguição a professores e alunos, e com a promessa de extinção de cursos, revela a Rede Brasil Atual. As ameaças concretizaram-se com os cortes, anunciados oficialmente no final de Abril, nas verbas para as universidades e programas de investigação.
Inicialmente, o ministro brasileiro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou um corte de 30% no orçamento de várias universidades federais, sendo a Universidade de Brasília (Unb), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) os primeiros alvos.
Para justificar a medida, o ministro alegou o desempenho académico insatisfatório das instituições e a promoção de «balbúrdia», afirmando que as universidades visadas permitiram a realização de eventos políticos ou festas inadequadas nas suas instalações. Contudo, não conseguiu especificar que manifestações foram essas e que indicadores de desempenho caíram.
Depois de duramente criticado pelo «ataque às três instituições», considerado discricionário, o governo de Bolsonaro, que, segundo a Rede Brasil Atual, «se vangloria de odiar a educação e a cultura», decidiu que o corte de verbas era extensível a todas as universidades federais.
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