Ao longo desta terça-feira, as ruas do Brasil encheram-se de mobilizações em defesa da Educação e contra a reforma da Previdência, tal como ocorreu nas duas grandes jornadas de protesto promovidas pelo sector da Educação, a 15 e 30 de Maio.
Ontem, milhares de trabalhadores, dirigentes sindicais e membros dos movimentos populares juntaram-se a estudantes e professores para denunciar as políticas neoliberais do governo de Bolsonaro, numa jornada de luta que foi designada como «Tsunami da Educação» e que contou com acções de protestos em todos os estados brasileiros, além do Distrito Federal.
Em destaque nas mobilizações de ontem esteve a denúncia do projecto «Future-se», com o qual o governo de Bolsonaro prevê a criação de um fundo de 102 mil milhões de reais [mais de 22 mil milhões de euros] para atrair investimentos internacionais para o Ensino Superior, mas que, segundo reitores e ex-ministros da Educação, ameaça a autonomia orçamental das universidades e constitui um ataque à gratuitidade do ensino.
Também a União Nacional dos Estudantes (UNE), que convocou a jornada de mobilização, alertou para o «viés privatizador» do programa «Future-se», sublinhando que precisa de ser combatido, ao mesmo tempo que exigiu a garantia de financiamento público do Ensino superior, informa o Brasil de Fato.
Contra a privatização do ensino, mobilizações pelo Brasil afora
No Ceará, as manifestações não se limitaram à capital, Fortaleza, tendo havido vários actos e aulas públicas noutros pontos do estado sobre o programa «Future-se» e contra a privatização do ensino público. No estado de Pernambuco, houve manifestação no Recife, promovida por várias organizações estudantis, em Caruaru e Petrolina, onde cerca de 500 pessoas se juntaram em Luta Pela Educação e Contra a Reforma da Previdência.
Presente no acto, Raimunda de Souza, professora de Geografia da Universidade de Pernambuco, disse ao Brasil de Fato que a mobilização visa mostrar o posicionamento contrário da população à actual agenda política do Congresso e do Ministério da Educação, sublinhando que Jair Bolsonaro «não consegue compreender que a Educação é primordial no desenvolvimento de um país, tanto a educação básica quanto o ensino superior».
Ainda no Nordeste, registaram-se manifestações em defesa da Educação e contra a política de cortes do actual governo brasileiro em Salvador (Bahia), João Pessoa (Paraíba), Maceió (Alagoas), Aracaju (Sergipe) e Natal (Rio Grande do Norte).
Por seu lado, no Norte, estudantes, professores, funcionários públicos manifestaram-se em Manaus (Amazónia) e Belém (Pará) contra o projecto do governo de Bolsonaro. No Centro-Oeste do país sul-americano, houve mobilizações em Brasília (Distrito Federal), onde também se realizou a Primeira Marcha das Mulheres Indígenas, em Goiânia (Goiás) e Cuiabá (Mato Grosso).
Mobilizações no Sul e no Sudeste: Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre
No estado do Rio de Janeiro, o município de Barra do Piraí foi palco de uma aula pública de debate sobre Educação e Previdência. Na cidade do Rio, realizam-se várias acções de protesto, a maior das quais ocorreu na Candelária, tendo reunido 40 mil pessoas, segundo a organização.
Em São Paulo, o interior do estado teve várias acções de protesto, enquanto na capital se estima que cerca de 100 mil pessoas tenham participado na mobilização principal.
Por seu lado, na capital mineira, Belo Horizonte, milhares de pessoas juntaram-se contra o programa «Future-se» e a reforma da Previdência. Em Minas Gerais, há registo de acções também em Viçosa, Uberlândia, Juiz de Fora e São João del Rei.
Mais a sul, em Florianópolis (Santa Catarina), pelo menos 5000 pessoas mobilizaram-se em defesa da Educação e da Previdência, enquanto Curitiba (Paraná) foi palco de uma mobilização com 10 mil pessoas – precedida de uma assembleia pública onde foram debatidas as ameaças do governo de Bolsonaro.
No Rio Grande do Sul, estudantes e trabalhadores manifestaram-se em várias cidades. Na conhecida esquina democrática de Porto Alegre, uma concentração contra as políticas neoliberais de Bolsonaro reuniu mais de 30 mil pessoas, segundo os organizadores.
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