|Índia

Eleições locais em Bengala Ocidental novamente marcadas por grande violência

Até dia 4, havia registo de 15 mortes em acções de violência ligadas às eleições que se celebram este sábado. Comunistas indianos acusam a Polícia de ajudar o partido liberal-populista no poder.

Activistas do PCI(M) em campanha no estado de Bengala Ocidental, no Nordeste da Índia 
Créditos / Newsclick

Tanto The Hindu como o Newsclick se referem às actuais eleições locais no estado indiano de Bengala Ocidental como das mais violentas de sempre no país subcontinental.

Entre 8 de Junho, quando as autoridades anunciaram que as eleições «panchayat» teriam lugar no próximo sábado, e terça-feira passada, 4 de Julho, pelo menos 15 pessoas perderam a vida em acções de violência – que são habituais no quarto estado mais populoso da Índia quando ocorre este tipo de acto eleitoral.

Por causa disso, em 2018, houve distritos onde o partido no poder (Trinamool Congress; direita liberal e populista) ganhou 93% dos lugares em disputa sem qualquer oposição. Aqueles a que o Newsclick chama hooligans «armados até aos dentes» encarregaram-se de garantir que ninguém se atrevia a candidatar-se ou que desistiam.

Este ano, refere a fonte, a onda de violência associada às eleições locais nas zonas rurais de Bengala Ocidental atingiu níveis sem precedentes, tendo como principais alvos os candidatos da Frente de Esquerda, em que se insere o Partido Comunista da Índia (Marxista) – PCI(M).

As mulheres, os membros de minorias e pessoas com menos rendimentos são particularmente visados pelos «vândalos» que o PCI(M) acusa de estarem ligados ao eixo TMC-BJP.

Elementos do PCI(M) em campanha, na antevéspera das eleições locais em Bengala Ocidental / @cpimspeak

O objectivo é obrigá-los a desistir pela força, sobretudo depois de, numas eleições em que há 78 799 locais de voto, a aliança de esquerda ter apresentado mais de 70 mil candidaturas, para evitar que os partidos de direita e, em particular, o TMC (que domina a política no estado) obtenham os lugares sem luta.

Nas últimas eleições locais, isso ocorreu em 34% dos casos – o que levou o PCI(M) a classificar o acto eleitoral como uma «farsa». Nestas, refere The Hindu, estimativas preliminares apontam que o TMC já obteve 12% dos lugares em disputa por falta de oposição.

PCI(M) acusa a Polícia de ajudar o partido no poder

Segundo refere o Newsclick, a dois dias das eleições, pelo menos 60 activistas do PCI(M) foram colocados em prisão preventiva nas regiões de Jalangi e Domkol (distrito de Murshidabad), onde existe uma forte presença da esquerda.

Os comunistas indianos denunciam que se trata de pessoas sem quaisquer antecedentes criminais e violência, e que foram alvo da acção policial por se destacarem enquanto dirigentes na oposição que o partido lidera no actual processo eleitoral.

A Polícia terá ainda ajudado vândalos ligados ao TMC a espancar um candidato comunista em Hingalgung, no distrito North 24 Parganas, refere o Newsclick, que dá conta de «excessos» das forças policiais contra elementos de esquerda em vários outros locais do estado, denunciados por Saiyaad Hossain, secretário local do PCI(M).

Elementos do PCI(M) em campanha, na antevéspera das eleições locais em Bengala Ocidental, um estado da Índia com 88 750 km2 e mais de 91 milhões de habitantes / @cpimspeak

Outra situação denunciada ocorreu em vários locais do distrito de Birbhum, onde a população contou ao periódico como vândalos se apoderaram dos certificados das candidaturas de esquerda e os rasgaram, com a Polícia a assistir impávida.

«O modus operandi da Polícia de Bengala Ocidental parece claro e simples. Onde quer que os hooligans do TMC estejam a operar, a Polícia actua como uma base de apoio aos quadros do TMC», disse Debasish Barman, um dirigente do PCI(M) no estado.

«Quando os hooligans do TMC enfrentam obstruções, a Polícia vem em seu socorro e prende em massa os grupos que resistem», denunciou.

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