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Equatorianos mobilizam-se contra subida do preço dos combustíveis

Em Quito e Guayaquil houve protestos e ruas cortadas, esta terça-feira, em resposta ao aumento dos preços da gasolina decretado pelo executivo de Daniel Noboa. Quinta-feira, há mobilização nacional.

Protesto contra o aumento dos combustíveis no Equador, a 2 de Julho de 2024 Créditos / @UNENACIONAL

Rejeitando o aumento do preço de dois tipos de gasolina no Equador (Extra e Ecopaís) desde a sexta-feira passada, grupos de manifestantes incendiaram pneus em vários pontos das cidades de Quito e Guayaquil e cortaram diversas vias, esta terça-feira.

Dirigentes da Unión Nacional de Educadores (Une) e da Federación de Estudiantes Universitarios del Ecuador (Feue) pronunciaram-se nas redes sociais contra a medida governamental, sublinhando que o aumento de preço prejudica a vida de todos.

Protesto no Equador contra o aumento do preço dos combustíveis, a 2 de Julho de 2024 / almaplus.tv

«Ontem, foi o IVA, hoje são os combustíveis, amanhã serão as taxas de juro da banca. Este 4 de Julho, mobilização em todo o país», escreveu a Une no Twitter (X).

Nery Padilla, presidente de la Feue Nacional, afirmou que o aumento do IVA não serviu para combater a insegurança, tal como o governo de Noboa anunciou, uma vez que, entretanto, aumentaram as extorsões e mortes violentas.

Em seu entender, «a subida do IVA e dos preços das gasolinas é um mecanismo para empobrecer o país».

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Equador: resposta de Lasso a pedidos de garantias foi mais repressão

O 11.º dia de protestos no Equador foi um dos mais violentos, com a Polícia a responder com grande violência aos manifestantes em Quito. Registou-se pelo menos um morto. Um «mau sinal» para o diálogo.

CréditosMoe Mejía / Resumen Latinoamericano

A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) denunciou, esta quinta-feira, a morte de um manifestante na capital do país sul-americano – o quarto desde o início dos protestos contra as políticas do governo de Guillermo Lasso, a 13 de Junho.

O falecido foi identificado como Henry Quezada e a sua morte, causada por disparos policiais, ocorreu no Parque El Arbolito, nas imediações da Assembleia Nacional. 

Os manifestantes dirigiram-se para ali, ontem, à espera de que o órgão legislativo se pronunciasse sobre a actual situação no país, depois de a Conaie, em conjunto com várias outras organizações, ter declarado uma paralisação nacional por tempo indeterminado, denunciando que o governo mantém uma política de linha neoliberal e que não prestou atenção, em diversas ocasiões, às questões sociais e económicas que lhe foram colocadas.

«Enquanto assassinarem o povo, não existem garantias», denunciou o organismo, que reclama ao executivo que cesse a repressão, para que possa haver diálogo, e que responda positivamente à agenda com dez pontos que lhe foi apresentada, com temas prementes para os agricultores, os indígenas, os trabalhadores de diversos sectores, os estudantes e as mulheres.

Moe Mejía / Resumen Latinoamericano

A Aliança de Organizações pelos Direitos Humanos também denunciou a quarta morte desde o início dos protestos e pediu uma investigação urgente ao caso por parte da Procuradoria Geral. Antes da repressão de ontem em El Arbolito, a Aliança registava três falecidos, 92 feridos e 94 detenções desde 13 de Junho, refere a TeleSur.

Manifestação pacífica reprimida de forma violenta

Ontem, centenas de indígenas reuniram-se na Casa da Cultura, em Quito, e seguiram depois, em marcha e de forma pacífica, até à Assembleia Nacional. Nas imediações, a Polícia anti-motim recebeu-os com gás lacrimogéneo, criando uma nuvem de gás para dispersar os manifestantes.

Seguiram-se confrontos que duraram pelo menos duas horas, enquanto o presidente da Conaie, Leonidas Iza, prestava declarações à comunicação social e descrevia o que se estava a passar como um «mau sinal».

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Aumenta a repressão no Equador, mas também há perspectiva de diálogo

Um segundo manifestante foi morto, esta terça-feira, no contexto dos protestos contra as políticas governamentais que se registam no país sul-americano desde 13 de Junho.

Manifestantes em Quito, capital do Equador 
Créditos / @CONAIE_Ecuador

A Confederação de Nacionalidades Indígenas da Amazónia Equatoriana (Confeniae) revelou, ontem, que um manifestante indígena foi morto como consequência da repressão policial na província de Pastaza.

A organização indígena responsabilizou o presidente equatoriano, Guillermo Lasso, pelo facto, tendo informado que o manifestante Byron Guatatuca foi atingido com um disparo à queima-roupa.

Também a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) denunciou o aumento da repressão por parte das forças policiais e do Exército, depois de o presidente do Equador ter ampliado, na segunda-feira à noite, o estado de excepção a seis províncias – Pichincha, Imbabura, Cotopaxi, Chimborazo, Tungurahua e Pastaza –, numa tentativa de conter os protestos de duram há dez dias.

De acordo com a Aliança de Organizações pelos Direitos Humanos, desde 13 de Junho, no contexto das mobilizações de carácter nacional e por tempo indeterminado convocadas pela Conaie, registaram-se pelo menos 90 feridos e 87 detenções, indica a TeleSur.

O organismo mostrou-se preocupado com o recrudescimento da «violência militar e policial contra aqueles que exercem o seu direito ao protesto e a resistir».

Repressão policial contra os protestos, que duram há dez dias / TeleSur

A Conaie afirma que as mobilizações se vão manter até que o conjunto de dez reivindicações apresentado ao governo obtenha resposta positiva, sublinhando que, ao longo de 2021, o caderno foi mostrado ao executivo em três ocasiões, sem ter obtido a atenção desejada.

A exigência de mais verbas para a Educação e a Saúde, a criação de empregos, a redução do preço dos combustíveis, o controlo dos preços, mais apoios à agricultura, a não privatização de sectores estratégicos da economia, impedir a flexibilidade laboral, entre outras questões, mantêm os indígenas e outras camadas da população nas ruas, também na capital, Quito.

O chefe de Estado afirma que já respondeu de forma positiva a uma série de reivindicações e acusa os promotores da paralisação de quererem tirá-lo do poder e instalar o caos no país.

O ministro da Defesa, Luis Lara, dirigiu-se à imprensa no mesmo sentido, afirmando que «as Forças Armadas não permitirão que se tente romper a ordem constitucional ou qualquer acção contra a democracia e as leis da República».

Conaie aceita dialogar, mas com garantias

Em conferência de imprensa, ontem, a organização mais destacada na organização do protesto que hoje entra no décimo dia mostrou-se disposta a dialogar com o governo equatoriano, depois de Guillermo Lasso lhes ter enviado uma missiva expressando a disponibilidade para participar numa mesa de diálogo.

Corte de estrada em Patuca / Conaie

Leonidas Iza, presidente da Conaie, afirmou que os protestos são realizados por quem sente uma profunda crise desde a Covid-19 e actualmente não tem condições de vida.

Lembrou que o diálogo falhou nos espaços onde devia ter prevalecido, mas que a Conaie e as outras organizações que participam nos protestos estão dispostas a abrir um espaço de discussão para encontrar soluções para as condições adversas em que vive a população e lhe restituir os direitos sociais espezinhados pela política económica. Para esse efeito, pediu garantias.

Neste sentido, Iza pediu ao governo que acabe com as acções de repressão e revogue o estado de excepção decretado, lembrando que, desde o início das mobilizações, a estratégia do governo se baseou quase exclusivamente no uso da força e na escalada do discurso de ódio e estigmatização do movimento indígena.

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Dirigindo-se aos manifestantes, pediu-lhes que regressassem à Casa da Cultura. «Esta marcha foi pacífica. Não deixemos que seja infiltrada por gente que está a causar estragos a esta luta, que está a causar danos a esta marcha», disse, citado pela Prensa Latina.

Fora da capital, realizaram-se mobilizações e cortes de estrada em múltiplas províncias, sem registo de grandes incidentes e num clima de expectativa quanto à resposta do governo sobre as garantias solicitadas pela Conaie, para que as parte se possam sentar à mesa e negociar.

Essa perspectiva parece agora mais distante, mas a Conaie insiste que o diálogo é possível desde que o governo garanta o fim das acções de repressão e de criminalização dos manifestantes, a revogação do estado de excepção declarado, e que não existam pontos «inviáveis», à partida, na discussão.

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Por seu lado, o presidente da Une, Andrés Quishpe, afirmou que o aumento do preço da gasolina responde a acordos firmados com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e implica aumentar o custo de vida, bem como condenar mais equatorianos à pobreza.

O FMI ordena, o governo de Noboa cumpre e corta verbas na saúde e educação, entre outros sectores, frisou Quishpe, em alusão a um acordo entre o organismo e o governo em troca de um empréstimo, refere o portal almaplus.tv.

Quishpe disse ainda que os protestos realizados esta terça-feira são só um «aquecimento» para a «grande mobilização nacional» de amanhã, com protestos nas 24 províncias do país sul-americano.

Segundo refere a almaplus.tv, as gasolinas Extra e Ecopaís passaram de 2,46 para 2,72 dólares, depois de o governo ter eliminado os subsídios. A partir de 11 de Julho, o preço poderá aumentar no máximo 5% ou descer no máximo 10% por mês, consoante a variação do preço internacional do petróleo e dos combustíveis.

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Fortes protestos no Equador contra o «paquetazo» neoliberal de Moreno

O presidente do Equador, Lenín Moreno, decretou esta quinta-feira o estado de excepção, face às mobilizações em todo o território nacional contra as medidas económicas aprovadas pelo executivo.

As medidas incluídas no novo pacote de austeridade anunciado por Lenín Moreno motivaram fortes protestos
Créditos / NAICR

As paralisações desta quinta-feira fizeram-se sentir sobretudo no sector dos Transportes, já que uma das medidas incluídas no «pacote neoliberal» que Moreno anunciou no passado dia 1 – bastante criticada pela população – diz respeito à eliminação do subsídio estatal à gasolina especial e ao gasóleo.

Assim, taxistas, condutores de empresas de transporte urbano e provincial, de autocarros escolares e de camiões pararam as suas actividades e participaram em mobilizações, a que se associaram organizações sociais, sindicatos, trabalhadores de diversos sectores e estudantes, na capital, Quito, e noutras cidades do país andino, informa a Prensa Latina.

O pacote anunciado por Moreno, que se enquadra num conjunto de medidas económicas acordadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI), prevê ainda o corte de 20% em remunerações em contratos temporários renovados, a redução do número de dias de férias para os funcionários públicos e a imposição, aos trabalhadores de empresas públicas, do desconto de um dia de salário mensal, refere a mesma fonte.

Este pacote ao gosto do FMI, que o executivo equatoriano caracteriza como «para bem da economia» e com o qual pretende «poupar» 1400 milhões de dólares por ano, teve como resposta uma onda de mobilizações.

Além de transportes parados e escolas encerradas, registaram-se inúmeros bloqueios de estradas com pneus queimados em vários pontos do país, houve cargas policiais em Quito e foram destacados militares para a sede do governo, o Palácio de Carondelet.

Perante este cenário, o presidente equatoriano decretou o estado de excepção, alegando que, com tal medida, pretende «salvaguardar a segurança dos cidadãos e evitar o caos».

Antes de o decreto da situação de excepcionalidade, a nível nacional, ser anunciado, vários ministros reafirmaram, em declarações à comunicação social, que as medidas do «paquetazo» não irão ser alteradas.

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O executivo de Noboa atribuiu uma compensação económica a donos de táxis e proprietários de outras viaturas de transporte público para evitar o aumento do preço das tarifas, mas a medida é vista como insuficiente para evitar um efeito dominó no custo de vida.

Recorde-se que organizações sindicais, sociais, estudantis, de indígenas e diversos sectores se manifestaram nas ruas do país em Outubro de 2019 e Junho de 2022, com paralisações prolongadas em protesto contra a agenda neoliberal dos então presidentes Lenín Moreno e Guillermo Lasso, que também pretendiam eliminar os subsídios dos combustíveis.

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