As exportações de armas que tiveram como origem os EUA, entre 2013 e 2017, representaram 34% de todos os negócios registados pelo Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês), o que representa um aumento de quatro pontos percentuais face aos cinco anos anteriores.
O último ano, 2017, foi particularmente proveitoso para o país no que à venda de armas diz respeito. De acordo com o The Intercept, o valor comunicado ao Congresso norte-americano ascendeu a 80 mil milhões de dólares (65,1 mil milhões de euros) – ainda assim inferior ao recorde do consulado de Barack Obama, em 2010, de 102 mil milhões de dólares (83 mil milhões de euros).
O principal destino das exportações dos EUA foi a Arábia Saudita, representando 18% do total, seguida dos Emirados Árabes Unidos, com 7,4%. No ano passado, o presidente norte-americano firmou um acordo de venda de armas no valor de 350 mil milhões de dólares (284,9 mil milhões de euros). O negócio já vinha sendo estudado pela administração Obama desde 2016, mas foi travado após a intervenção saudita no Iémen ter ganho projecção mediática.
As compras de armas pela Arábia Saudita com origem nos Estados Unidos e no Reino Unido têm vindo a subir nos últimos anos. Em Novembro passado, o Washington Post notava que, ao mesmo tempo que o então ministro da Defesa britânico, Michael Fallon, lamentava que alguns deputados criticassem a Arábia Saudita, o presidente dos EUA, Donald Trump, celebrava a eficácia das armas vendidas e utilizadas pelos sauditas no Iémen.
Coincidentemente, é esperada na segunda-feira uma decisão das autoridades sauditas sobre uma planeada colocação de parte do capital da petrolífera estatal, a Aramco, nas bolsas de Nova Iorque e de Londres. Apesar de incerta, a possibilidade de a colocação de um dos principais activos nas praças financeiras dos EUA e do Reino Unido fazer parte de uma movimentação mais abrangente, envolvendo os negócios de armamento, era levantada pelo Washington Post.
Mas a venda de armas não é só um negócio interessante para os interesses geoestratégicos norte-americanos: é também uma fonte de lucros para as empresas de armamento. Da lista citada pelo The Intercept, destacam-se duas empresas aeronáuticas: a Lockheed Martin e a Boeing, que têm como principais accionistas vários fundos de investimento, alguns com participação em ambas.
É o caso do Blackrock, que lidera um grupo de empresas que mantêm um boicote à dívida pública portuguesa, em retaliação por não lhes ter sido devolvido capital que investiram no BES, antes da falência da instituição financeira.
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