|Síria

Exército sírio continua a avançar em Ghouta Oriental

O Exército Árabe Sírio continua a arrebatar território aos grupos terroristas que ocupam Ghouta Oriental. Esta terça-feira, o Centro Russo para a Reconciliação na Síria garantiu passagem segura aos extremistas que abandonarem a região damascena e apelou à libertação dos civis.

Um soldado do Exército Árabe Sírio na ofensiva anti-terrorista em Ghouta Oriental
Créditos / Al-Masdar News

De acordo com a Prensa Latina, que refere fontes militares, o Exército Árabe Sírio (EAS) continua a conquistar novas áreas aos terroristas, no âmbito da ofensiva que lançou, em meados de Fevereiro, para libertar a região damascena de Ghouta Oriental de grupos terroristas.

As várias facções extremistas ali localizadas – Jaysh al-Islam, Faylaq al-Rahman, ligadas à Al-Qaeda e à Al-Nusra – aterrorizam a população local há anos, levando a cabo execuções públicas ou fazendo paradas nas ruas em que incluem carrinhas com gaiolas repletas de civis.

Nas últimas semanas, estes grupos têm intensificado os ataques com obuses e morteiros contra vários bairros de Damasco, provocando dezenas de vítimas mortais e centenas feridos entre a população civil da capital síria, segundo revelam as autoridades sírias.

A operação e os avanços do EAS no terreno são legítimos à luz da resolução aprovada a 24 de Fevereiro pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), que determinou a aplicação de um cessar-fogo humanitário de 30 dias em todo o território sírio, mas não abrangendo o combate a grupos terroristas como o Daesh, o chamado Exército do Islão, a Frente al-Nusra e outras organizações ligadas à Al-Qaeda.

Contemplada pela resolução foi a criação de «pausas humanitárias» (suspensões dos combates) e de corredores humanitários, com o objectivo de fazer chegar ajuda aos civis e de permitir a sua saída de Ghouta Oriental. No entanto, apesar de sírios e russos decretarem a suspensão das hostilidades por um período de cinco horas diárias (das 9h às 14h, hora local), os terroristas continuam a manter a população local retida, ignorando os corredores humanitários, como ainda ontem denunciou um representante do governo russo.

Um guião conhecido: «a culpa é do regime»

Entretanto, os morteiros continuam a cair sobre os bairros de Damasco, e já hoje a agência Sana deu conta de que 18 civis ficaram feridos ou foram mortos na sequência de mais uma vaga de morteiros lançada a partir de Ghouta Oriental. Mas, tal como ocorreu em operações de libertação de outras cidades, por parte do EAS, na comunicação social dominante a «culpa» do que se passa em Ghouta Oriental é governo sírio e dos aliados russos.

Tal como ocorreu quando da libertação de Alepo, em qualquer TV, jornal ou revista familiar se vê a imagem lavada da Al-Qaeda ou dos «sucedâneos» do Daesh financiados por estes e por aqueles – entenda-se: a Arábia Saudita, os EUA, as potências ocidentais.

A estratégia já não espanta quando o Exército sírio e os seus aliados estão na mó de cima sobre o terrorismo: a culpa é «regime de Damasco», os Capacetes Brancos estão em Hollywood, o Observatório Sírio é a fonte.

A mesma «imprensa» é acusada há muito de dois pesos e duas medidas na cobertura que faz das operações anti-terroristas e de libertação de cidades na Síria e no Iraque, sendo que do registo das «atrocidades» e da condenação (no caso de Alepo ou de Ghouta) se passa facilmente para a enfática celebração das «operações libertadoras» de Raqqa, na Síria, ou Mossul, no Iraque – estas últimas foram lideradas por Washington e amigos seus, e não pelo «terrível» Assad, em companhia do «ditador» Putin – que agora, ainda para mais, «ameaça» o Ocidente com uma corrida às armas...

Passagem segura para extremistas que saiam de Ghouta

Num comunicado emitido esta terça-feira, o Centro Russo para a Reconciliação na Síria informou que Moscovo está disposta a providenciar transporte e um corredor seguro aos extremistas que abandonarem Ghouta Oriental. A garantia abrange as suas famílias, segundo refere a PressTV.

No mesmo documento, apela-se aos «líderes dos grupos armados ilegais que façam tudo o que puderem e o mais rapidamente possível para libertar os civis do sofrimento e garantir a entrega, sem obstáculos, de ajuda humanitária a Ghouta Oriental».

«O Ocidente procura desintegrar a Síria»

Falando ontem em Windhoek, capital da Namíbia, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, afirmou que o seu país possui «cada vez mais informação sobre a formação de um grupo limitado e nada inclusivo, criado pelos Estados Unidos, sobre questões sírias», cujo objectivo é, na verdade, a fragmentação do país levantino, informa a Prensa Latina.

O diplomata russo acusou as potências ocidentais de ignorarem os aspectos estipulados na resolução 2401, aprovada pelo CSNU, nomeadamente quando exigem «a suspensão unilateral dos combates por parte do governo sírio», quando este pretende eliminar grupos terroristas como a Frente al-Nusra.

Lavrov, que acusou as potências ocidentais de «pouca honestidade» relativamente aos grupos armados extremistas na Síria, disse ter provas de como esses países, com os EUA à cabeça, «querem salvar a Frente al-Nusra», como se «quisessem conservar esse grupo extremista para planos futuros, uma espécie de plano B, ou seja, tentar derrubar o governo de Damasco».

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