A transnacional permite a um conjunto de produtores de dispositivos móveis, como a Amazon, a Apple, a BlackBerry, a Microsoft ou a Samsung, acesso a informações pessoais dos utilizadores que utilizam os seus aparelhos, mas também aos amigos desses utilizadores – mesmo que quaisquer destes tenham vedado o acesso de terceiros aos seus dados nas definições de privacidade.
A revelação é feita pelo The New York Times (NYT), que também participou na investigação em torno da Cambridge Analytica, a empresa que utilizou dados pessoais de milhões de utilizadores da rede social para traçar perfis psicológicos que foram utilizados por campanhas eleitorais em vários países.
Os dados – desde a religião, a orientação sexual e opções políticas aos tipos de conteúdos que cada utilizador partilhou ou gostou – permitiam definir e orientar mensagens de forma personalizada, fazendo coincidir preocupações e anseios individuais com a mensagem de um candidato ou de uma campanha.
O fundador e presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, foi forçado a prestar depoimentos no Congresso norte-americano após a revelação do escândalo e acabou por aceder a ir ao Parlamento Europeu, numa sessão exclusiva aos líderes dos grupos parlamentares e cuja duração não chegou sequer para que respondesse às questões colocadas.
Em ambas as ocasiões pediu desculpa, garantiu que a Cambridge Analytica abusou das condições de utilização da rede social e que a empresa estava a tomar medidas para que a situação não se repetisse. No entanto, agora sabe-se que o Facebook cedeu dados pessoais de forma consciente e deliberada, e continua a fazê-lo.
De acordo com o NYT, só em Abril, após rebentar o escândalo da Cambridge Analytica, começaram a ser revisto os acordos com os produtores e pelo menos a BlackBerry continua a ter acesso. Um jornalista do jornal norte-americano verificou que, a partir da configuração da sua conta num aparelho da BlackBerry, a empresa teve acesso a informação de quase 300 mil utilizadores.
O Facebook justifica-se afirmando que as produtoras de dispositivos móveis são prestadores de serviços e é nessa qualidade que têm acesso à informação. Apesar de terem os dados pessoais guardados nos seus servidores, a rede social acredita que estes só são utilizados de acordo com a política de privacidade.
Em 2014, o Facebook anunciou que o acesso por terceiros a dados pessoais de amigos seria limitado, na sequência de uma decisão das autoridades federais norte-americanas. Quatro anos depois, a rede social continua a não cumprir os seus próprios anúncios e a violar a privacidade de milhões de utilizadores
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