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Fraude e irregularidades marcam plebiscito da oposição venezuelana

Jorge Rodríguez, dirigente do PSUV, explicou, esta segunda-feira, que a consulta interna realizada pela oposição venezuelana, além de ilegal, fica marcada pela manipulação e a violação de princípios fundamentais num acto deste género.

Laura Chinchilla, Jorge Quiroga e Andrés Pastrana posam com um grupo de opositores violentos, na sua visita recente à Venezuela. Foram declarados «personae non gratae» pelo governo bolivariano
Créditos / Alba Ciudad

Em conferência de imprensa, o dirigente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) sublinhou o carácter ilegal da consulta promovida, este domingo, pela direita, por não se enquadrar na Constituição, de 1999, e não ser organizada pelo Poder Eleitoral do país. Para além disso, violou princípios básicos pelos quais se deve reger uma consulta – legal – deste tipo, como registo eleitoral; voto secreto, universal e directo; escrutínio e proclamação de resultados; e verificação.

Rodríguez afirmou que a «direita passa a vida a falar de fraude e não há ninguém na Venezuela que tenha cometido mais fraudes» do que eles, minando «a confiança dos venezuelanos e dos seus próprios apoiantes», os da chamada Mesa da Unidade Democrática (MUD). «Há 102 mil venezuelanos registados no estrangeiro e, segundo eles, votaram mais de 600 mil», exemplificou Jorge Rodríguez, citado pela AVN.

«Votos» e não «votantes»

Entre as várias fraudes cometidas no processo de consulta interna da direita, o dirigente do PSUV denunciou o «voto múltiplo». «Existem dezenas de vídeos que evidenciam o gigantesco engano ao povo», disse.

Num vídeo que apresentou, via-se um homem a votar em vários centros disponibilizados pela MUD na capital, Caracas. «Houve pessoas que votaram sete vezes, outras 14 vezes. Isso é um crime», afirmou Rodríguez.

Sobre o resultado final anunciado pela MUD, divulgado quase em uníssono pela imprensa e acatado pelos governos dos países ocidentais e pela União Europeia (UE), Rodríguez salientou a manipulação subjacente, na medida em que os organizadores multiplicaram o total de «votantes» pelo número de «votos» que cada um emitiu [três]. «Por isso, quando abordam a participação, falam de votos e não de votantes».

Irregularidades «gravadas»

Num programa do canal Venezolana de Televisión, Jorge Rodríguez apresentou um vídeo em que é patente a fraude nos resultados da consulta interna da oposição. Nele, regista-se a conversa entre Filiberto Colmenares, secretário do partido de direita Primero Justicia no estado de Aragua, e José Gregorio Hernández, secretário da MUD nesse mesmo estado.

Colmenares explica ao seu interlocutor como os números finais «foram ajeitados», afirmando que, aos 347 mil obtidos, «foram acrescentados 50 mil votos». A orientação de alterar os resultados em cada estado terá sido dada a nível central, em Caracas, pelo representante da MUD José Luis Cartaya, segundo denunciou Jorge Rodríguez, referido pela AVN.

«Montar o circo para ver se são expulsos»

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Samuel Moncada, revelou esta segunda-feira que a República Bolivariana da Venezuela declarou como personae non gratae os ex-presidentes da Bolívia, Jorge Quiroga; da Colômbia, Andrés Pastrana; e da Costa Rica, Laura Chinculla e Miguel Ángel Rodríguez.

Todos eles participaram como «observadores» no plebiscito da oposição e, segundo Moncada, são cidadãos estrangeiros que «abusaram da generosidade do nosso povo», indica a AVN. A esta lista, junta-se o ex-presidente mexicano Vicente Fox, que, na véspera, também foi declarado persona non grata, «por abuso da hospitalidade do povo venezuelano».

A propósito dos «observadores», Moncada denunciou o carácter «insultuoso» e «provocador» das suas afirmações, sublinhando que «vêm montar um circo para ver se são expulsos», para que depois se diga que «"a ditadura" os perseguiu».

Acrescentou que «eles vêm brincar com a vida dos venezuelanos e depois vão-se embora de avião, recebem o seu dinheiro e vão-se embora a correr, não se importando com o que deixam para trás». Ao abordar o caso concreto de Fox, o ministro venezuelano explicou que persona non grata significa que é uma «pessoa não aceitável, não tolerável» e que, na prática, este «senhor não volta mais à Venezuela», por ser «um agente perverso que vem provocar a morte e a destruição», enfatizou.

Maduro refuta ingerência e ameaças

Numa sessão de trabalho realizada, ontem, no Palácio de Miraflores (sede do governo venezuelano), o presidente da República, Nicolás Maduro, destacou «a força impressionante, gigantesca demonstrada pelo povo venezuelano» no ensaio eleitoral para a Assembleia Nacional Constituinte (ANC).

A eleição de dia 30 de Julho «irá permitir reforçar a independência e a soberania» do país e «não nos importa aquilo que a Europa diz. Esta é a terra dos libertadores da América», afirmou Maduro, referindo-se às declarações de carácter intervencionista proferidas por Federica Mogherini, alta representante da UE para a Política Externa e Segurança, que ameaçou aplicar sanções à Venezuela se não suspender o projecto da ANC, informam a AVN e a Prensa Latina.

«Acha que estamos em 1809, quando recebíamos ordens dos impérios europeus? A Venezuela é um país livre, soberano e não recebe ordens de ninguém. Na Venezuela mandam os venezuelanos. A Venezuela não é uma colónia da UE», salientou Maduro.

A Casa Branca, tal como a UE, acatou os «resultados amanhados» pela oposição extremista e, pela voz de Donald Trump, também ameaçou aplicar sanções ao país sul-americano.

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