«Não podemos deixar que chegue o dia 30 de Julho [data da realização das eleições para a Assembleia Constituinte] sem que, neste país, haja uma paralisação absoluta da vida quotidiana das pessoas», disse Juan Requesens, do partido de direita Primero Justicia, numa alocução proferida quarta-feira, dia 5, na Florida International University, em Miami (EUA), informa a Alba Ciudad.
«No dia 16 de Julho [data do plebiscito marcado pela oposição] faltam 14 dias para a Constituinte, e já não há mais nada a perder», disse, acrescentando: «Vamos dar guerra ao governo!»
Para o deputado de direita, o governo é que está a procurar essa «guerra» e, se a quer, «vai tê-la». «Vamos paralisar a Venezuela!», prosseguiu. Quando alguém na plateia o questionou sobre o que aconteceria no caso de pararem o país e o governo realizar a Constituinte à mesma, Requesens respondeu-lhe: «Se isso acontecer neste país, então vem aí uma valente guerra, meus senhores!».
Entrando em diálogo, o assistente insistiu na ideia de que tem de haver um «plano B», uma «invasão», ao que Requesens explicou: «Mas, para chegar a uma intervenção estrangeira, temos de passar por esta etapa.»
«Se conseguirmos gerar o clima de ingovernabilidade que pretendemos, encurtamos o caminho à "ditadura"», disse.
Plebiscito como «detonador»
O deputado do Primero Justicia, partido que integra a plataforma opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), explicou que o plebiscito deve ter um «efeito de detonador, desencadeando a paralisação do país». «O importante – disse – é que decretemos a Hora Zero e paremos a Venezuela», explicou.
Recordando as questões do plebiscito – centradas na «ditadura», na convocação da Constituinte e na possibilidade de os militares realizarem um golpe de Estado e derrubarem o presidente eleito, Nicolás Maduro –, Requesens deixou ainda claro que, quando as pessoas disparam contra agentes da Guarda Nacional Bolivariana e contra os «colectivos» [chavistas], estão a exercer o seu direito à defesa.
«Plebiscito» é inconstitucional
Foi na passada segunda-feira que dirigentes dos partidos integrados na MUD se juntaram para anunciar a realização de um plebiscito sobre a Assembleia Nacional Constituinte. Na ocasião não foram dados detalhes sobre o processo da consulta, que não possui carácter vinculativo e não é organizada pelo Conselho Nacional Eleitoral.
A oposição afirma defender a Constituição contra a Assembleia Constituinte, mas o que é facto é que a figura do «plebiscito» não existe na Constituição da República Bolivariana da Venezuela, aprovada em 1999.
A Magna Carta venezuelana contempla referendos consultivos, ab-rogatórios e revogatórios, para cuja realização existe uma série de leis e regulamentos, informa a Alba Ciudad. De igual forma, existe um poder público, o Eleitoral, que tem a seu cargo a planificação e a realização destas consultas.
O governador do estado de Miranda e dirigente do Primero Justicia, Henrique Capriles, acusa o presidente Maduro de «querer eleger directamente os candidatos da Assembleia Constituinte», apesar de estarem convocadas eleições constituintes para o dia 30 de Julho.
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