Os moradores das ocupações da Izidora, localizadas no Norte da capital de Minas Gerais, ficaram a saber, na quarta-feira, que iam ser abrangidos pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. O anúncio foi feito pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao todo, são 18,3 mil milhões de reais (mais de 3,2 mil milhões de euros) para novas obras e equipamentos em todo o país sul-americano. As várias acções, que serão executadas pelo Ministério das Cidades, integram-se em cinco modalidades: prevenção de desastres, abastecimento de água, urbanização de favelas, regularização fundiária e renovação de frota.
Charlene Cristiane Egídio, que é moradora da Izidora, celebrou o anúncio presidencial. «Hoje, temos uma resposta que reforça que a nossa luta é de direito, é legítima e necessária. Por isso, eu acho que foi muito importante essa grande vitória. Para dizer para quem está nos espaços de poder que nosso povo também tem direito de morar», disse.
Por seu lado, Guilherme Simões, Secretário Nacional de Periferias do executivo brasileiro, declarou ao Brasil de Fato que o anúncio evidencia a prioridade que o governo dá às regiões periféricas e às favelas do país.
A este propósito, recordou que Lula da Silva já visitara a região da Izidora há alguns anos, tendo apontado a necessidade de regularização e obras de infra-estrutura, o que é agora contemplado no PAC.
«Dá um horizonte pra gente de investimento público em periferias, em favelas, levando o orçamento para onde mais precisa. Hoje é um dia de comemoração de alegria e espero que a gente consiga muito em breve estar em Belo Horizonte e comemorar essa intervenção que vai acontecer na região», afirmou Simões.
A deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL), que intervém nas ocupações desde 2013, foi a Brasília acompanhar o anúncio desta quarta-feira, tendo liderado a ligação entre o Município de Belo Horizonte e o governo federal.
«Atuo na Izidora desde as barracas de lona. Ao longo dos anos, conseguimos garantir a permanência das famílias, a construção de casas e a organização desse território com dignidade para as pessoas. Hoje, anunciamos a tão esperada urbanização que vai garantir o fornecimento de água, saneamento básico, acesso aos equipamentos públicos, áreas de lazer e asfalto», destacou a deputada.
Perspectiva de transformação
Charlene Cristiane Egídio lembrou que a conquista da urbanização das ocupações faz parte de uma história de luta que já dura há mais de uma década.
«A perspectiva é de avanço, de melhora, de dignidade. Primeiro, porque hoje a comunidade se encontra ainda sem saneamento básico, com ruas de terra esburacadas, com dificuldade de ambulância adentrar e várias outras questões complicadas», explicou.
Também sublinhou o facto de que o anúncio do novo PAC resgata uma «decisão covarde» da Câmara Municipal de Belo Horizonte, que, em 2021, rejeitou um projecto que poderia ter ajudado os moradores da ocupação.
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