«Como poderia estar só um povo e uma Revolução que tanto deram e dão aos povos do mundo? Como poderia estar só quem durante as últimas seis décadas fez da solidariedade, da amizade e da cooperação o dia-a-dia da sua política externa?», perguntou Gustavo Carneiro do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), um dos promotores desta acção de solidariedade que reuniu largas centenas de pessoas, esta quinta-feira, junto à embaixada de Cuba, em Lisboa.
«Não ao Bloqueio dos EUA! Cuba Vencerá» foi o mote para a concentração, cuja convocatória lembrava o bloqueio «reiteradamente condenado pela esmagadora maioria dos países com assento na Assembleia Geral das Nações Unidas» e que «atenta gravemente contra os direitos do povo cubano e o desenvolvimento do seu país».
Lembrando os «elevados índices de desenvolvimento humano, de fazer corar de vergonha muitos países ditos desenvolvidos», o dirigente sublinhou que, ao contrário da maioria dos países da América Latina e das Caraíbas, em Cuba «ninguém dorme na rua, não há crianças a catar lixo para sobreviver, a saúde é para todos, a educação é generalizada, a infância e a velhice são protegidas».
«Se querem ter um gesto verdadeiro para com Cuba, se querem preocupar-se com o povo, apoiem o levantamento do bloqueio e veremos como jogamos», desafiou o presidente. Este domingo foi marcado pela ocorrência de protestos, aos quais se seguiu a ocupação das ruas por milhares de cubanos em defesa da revolução, lado a lado com o próprio presidente, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, que também saiu è rua e alertou para a tentativa de desestabilização do país a partir do exterior. Entretanto, num discurso ao povo cubano proferido este domingo, o presidente sublinhou que, já em 2019, se tinham começado a intensificar, a partir do estrangeiro, um conjunto de medidas restritivas, nomeadamente um endurecimento do bloqueio e «perseguições financeiras contra o sector energético», com o objectivo de «sufocar» a economia cubana e provocar a «desejada eclosão social massiva», com o objectivo de justificar uma interferência externa. «Dizem que somos uma ditadura, uma ditadura que se preocupa em dar saúde a toda a sua população,[...] que almeja vacinar todos com uma vacina cubana. Porque sabíamos que ninguém nos venderia vacinas.[...] Que estranha ditadura» Díaz-canel O contexto da pandemia de Covid-19, com o agravamento vivido nas últimas semanas e a multiplicação das estirpes, veio piorar a situação, segundo o presidente cubano, que fala também na forma «cobarde» e «perversa» como algumas das situações complicadas são exploradas por muitos daqueles que sempre apoiaram o bloqueio. «Querem reforçar a ideia de que o governo cubano não é capaz de sair desta situação, como se estivessem realmente interessados em resolver os problemas de saúde de nosso povo», afirmou Díaz-Canel, que lançou ainda o desafio: «Se querem ter um gesto verdadeiro para com Cuba, se querem preocupar-se com o povo, [apoiem] o levantamento do bloqueio e veremos como jogamos». «Dizem que somos uma ditadura, uma ditadura que se preocupa em dar saúde a toda a sua população, que busca o bem-estar de todos, que no meio desta situação é capaz de ter programas e políticas públicas para todos, que almeja vacinar todos com uma vacina cubana. Porque sabíamos que ninguém nos venderia vacinas e que nem sequer tínhamos dinheiro para ir ao mercado internacional comprar vacinas. Que estranha ditadura», ironizou. Alertando para a existência de «manipuladores» ao serviço de campanhas internacionais de desestabilização, Diáz-Canel deixou o apelo a todos os revolucionários para defenderem a revolução nas ruas, acusando o governo de Joe Biden de intensificar as medidas de bloqueio contra Cuba, nomeadamente no que se refere à compra de combustíveis e de componentes necessários ao sistema electroenergético. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Díaz-Canel apela à defesa da revolução nas ruas
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Não pretendendo ocultar «as dificuldades e as carências, provocadas por um bloqueio económico, comercial e financeiro – ilegal, imoral e criminoso que dura há 60 anos – a que acrescem os efeitos da pandemia», Gustavo Carneiro fez referência ao agravamento das restrições que não foi atenuado pela nova administração norte-americana, que insiste naquilo a que chama de uma «falsa ajuda humanitária e libertadora», que condenou países como o Iraque e a Líbia à «pobreza e miséria».
O dirigente assinalou ainda o contexto local, uma vez que, para os EUA, a América Latina é o seu «pátio das traseiras», no qual vem interferindo sistemáticamente, como recentemente no Paraguai, na Bolívia, no Brasil, nas Honduras, na Venezuela, e na Nicarágua.
Para além do CPPC, intervieram representantes de outras organizações promotoras desta iniciativa, entre as quais a Associação de Amizade Portugal-Cuba, o projecto Ruído e a CGTP-IN, que sublinharam a exigência de denunciar a hipocrisia dos que, através de um bloqueio que dura há 60 anos, tentam asfixiar a economia de Cuba e impor dificuldades ao seu povo.
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