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Iemenitas exigem fim do bloqueio saudita e lamentam «silêncio» da ONU

A Empresa Petrolífera do Iémen (YPC) criticou a «inacção» das Nações Unidas face ao bloqueio que a coligação liderada pelos sauditas impõe ao país, devastado pela guerra e afligido pela pobreza.

Navio no porto de Hudaydah (imagem de arquivo)
Créditos / parstoday.com

Participando num protesto que teve lugar esta segunda-feira junto à representação das Nações Unidas em Saná, Essam al-Mutawakel, porta-voz da Empresa Petrolífera do Iémen (Yemen Petroleum Company; YPC), lamentou que a ONU mantenha «o silêncio e a falta de acção» no que respeita à pressão necessária a exercer sobre os sauditas para libertarem os navios que apreenderam com rumo ao Iémen, carregados com derivados de petróleo.

Al-Mutawakel exigiu o levantamento imediato do cerco «brutal» imposto ao país, bem como o fim da apreensão dos petroleiros que tinham largado das costas iemenitas numa «busca desesperada pela sobrevivência», tendo em conta a grande falta de combustível com que o Iémen se debate, informa a PressTV.

O funcionário da YPC afirmou também que as Nações Unidas deviam assumir medidas imediatas para levantar, o mais depressa possível, o bloqueio saudita ao Aeroporto Internacional de Saná e ao terminal petrolífero de Ras Isa.

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Bloqueio naval saudita agrava crise humanitária no Iémen

Ao impedir os petroleiros de abastecer o Iémen, a Arábia Saudita está a esvaziar as bombas de gasolina e a deixar hospitais, estações de captação de água e agricultores em situação precária.

Os efeitos do bloqueio saudita no Iémen fazem-se sentir de forma particularmente aguda
Créditos / misionverdad.com

De acordo com a Empresa Petrolífera do Iémen (Yemen Petroleum Company; YPC), a Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos, apreendeu ilegalmente 72 petroleiros com destino ao país no ano passado, o que diminuiu em 45% a quantidade de combustível que chega aos portos iemenitas.

O director-general YPC, Ammar al-Adrai, disse ao portal MintPress News que pelo menos nove petroleiros ficaram presos no Porto de Jizan, na Costa Ocidental da Arábia Saudita, muito perto da fronteira com o Iémen. Al-Adrai explicou que os petroleiros ficaram retidos apesar de os sauditas e a ONU os terem inspeccionado e lhes terem concedido as autorizações devidas.

Alguns estão retidos há mais de nove meses, provocando um forte impacto num país cujas infra-estruturas foram em grande medida destruídas pela guerra de agressão que dura há quase seis anos. O bloqueio reduziu para metade a capacidade operacional daquilo que resiste da indústria, da saúde, do comércio e dos serviços.

A falta de combustível levou à escassez de bens essenciais e os preços dos alimentos e dos medicamentos aumentaram brutalmente, refere o portal venezuelano Misión Verdad. Este facto também decorre da impossibilidade de cultivar os campos com que se vêem confrontados muitos agricultores, uma vez que não conseguem fazer funcionar as bombas necessárias à rega.

De acordo com as Nações Unidas, pelo menos 80% da população iemenita (24 milhões de pessoas) dependem de ajuda para sobreviver, e é provável que os problemas no sector agrícola façam aumentar esse número. A situação no Iémen foi classificada pela ONU como a pior crise humanitária do mundo.

Para o Misión Verdad, a crise petrolífera fabricada pela Arábia Saudita visa fomentar o caos político e gerar o descontentamento popular contra as empresas petrolíferas nacionais, muitas das quais dirigidas pela resistência Huti. O bloqueio conseguiu incapacitar o Porto de Hudaydah, também sob controlo dos Hutis, aumentando desta forma a pobreza e o desemprego.

Longas filas e graves danos

Milhares de iemenitas vêem-se obrigados a estar em longas filas nas bombas de gasolina, e as bombas de captação de água ficaram sem combustível, assim como os geradores dos hospitais e as estações de tratamento de água, o que levou ao aumento de casos de esquistossomose, uma doença parasitária causada pelo consumo de água não potável. Um número considerável de refugiados sobrevive com a água que trazem os camiões alimentados a dísel.


A YPC estima os danos económicos decorrentes do bloqueio naval saudita em milhares de milhões de dólares. Em simultâneo, revela o Misión Verdad, a coligação liderada pelos sauditas leva a cabo o roubo do petróleo iemenita nas províncias de Marib e Shabwah. Recentemente, a Arábia Saudita trouxe equipamento pesado de perfuração para aprofundar os poços de petróleo existentes na província vizinha de Hadhramaut, para ali aumentar os níveis de extracção de petróleo.

Os efeitos do bloqueio ao Iémen são agudos, mesmo quando comparados com os de outros países que sofrem o terrorismo económico dos Estados Unidos, como o Irão, a Síria e a Venezuela, onde os governos conseguem arranjar alguma forma de fazer chegar o combustível à população.

Já o Iémen está completamente à mercê da Arábia Saudita, sublinha o portal, obrigando o Exército iemenita, apoiado pelo movimento Huti Ansarullah, a intensificar a guerra pelo petróleo contra os sauditas no Mar Vermelho e a pôr em risco instalações petrolíferas importantes em território saudita.

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Dois navios, carregando petróleo e gasóleo, ancoraram em portos iemenitas nos dois últimos dias e um outro navio, com gasolina, deve chegar ao país nos próximos dias, revelou, sublinhando que a «apreensão arbitrária de navios ao largo da costa do Iémen, em diferentes períodos, aumentou as taxas de demurrage [sobre-estadia] em cinco mil milhões de riais iemenitas».

Na concentração em Saná, al-Mutawakel disse ainda que «deve existir uma distinção clara entre as questões militares e as humanitárias», refere a fonte, tendo destacado que a coligação liderada pelos sauditas «não pode tirar proveito do sofrimento do Iémen para fazer avançar a sua agenda».

A YPC tem denunciado de forma reiterada a «pirataria» levada a cabo pelos sauditas no Mar Vermelho, sublinhando que a Arábia Saudita confiscou ilegalmente os navios que se dirigiam para o Porto de Hudaydah – carregados com derivados de petróleo, gás natural, comida e medicamentos –, uma vez que estes possuíam as autorizações internacionais devidas, adquiridas no Djibuti de acordo com o Mecanismo de Inspecção e Verificação das Nações Unidas para o Iémen (UNVIM, na sigla em inglês).

Apoiada pelos EUA, o Reino Unido e outras potências ocidentais e regionais, a Arábia Saudita lançou, em Março de 2015, uma grande campanha militar de agressão contra o Iémen, tendo por objectivo suprimir a resistência do movimento Huti Ansarullah e recolocar no poder o antigo presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, aliado de Riade, sem sucesso.

A agressão militar provocou milhares de mortos, feridos e deslocados, e esteve na origem da mais grave crise humanitária dos tempos modernos, segundo as Nações Unidas.

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