O Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), reunido de emergência, rejeitou uma proposta de resolução apresentada pela Rússia que condenava a agressão militar contra a Síria cometida por três membros permanentes daquele órgão.
Apenas três países – Rússia, China e Bolívia – voltaram favoravelmente um documento que salientava o facto de a operação militar ter sido efectuada sem mandato da ONU e em violação da Carta da organização. Quatro dos 15 países abstiveram-se e oito votaram contra.
Durante o debate, o embaixador da Rússia acusou os Estados Unidos de serem «um Estado agressor» praticando o «hooliganismo» na cena internacional. A representante norte-americana afirmou que o tempo «das negociações com Damasco já passou» e que Washington «está pronto» para novos ataques.
O Instituto Suíço para a Protecção das Armas Nucleares, Biológicas e Químicas informou que as amostras de veneno recolhidas em Salisbury, Reino Unido, associadas à tentativa de assassínio do espião reformado Serguei Skripal, correspondem a um produto da NATO, jamais produzido na União Soviética ou na Rússia.
O BZ, o produto detectado, é um enervante ao alcance de países da Aliança Atlântica, principalmente Reino Unido e Estados Unidos, que provoca paralisia no ser humano durante 30 a 60 minutos e cujos efeitos se dissipam num prazo de dois a quatro dias. Recorda-se que os primeiros diagnósticos sobre o estado de Serguei Skripal e filha eram de possível morte, quando os dois estão actualmente em franca recuperação.
No relatório da OPAQ sobre o ataque a Skripal, e ao contrário do que tem sido afirmado pela comunicação social, não existe qualquer referência a Novitchok, designação de um projecto soviético e não de um determinado produto.
O laboratório suíço que chegou a esta conclusão é uma instituição de referência nesta área e realizou a análise do produto encontrado em Salisbury a pedido da OPAQ.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, pediu aos «aliados da Síria», principalmente a Rússia, para «fazerem uso de responsabilidade», de modo a conseguirem uma «participação construtiva» de Damasco no «processo de reconciliação conduzido pelas Nações Unidas».
A declaração foi proferida algumas horas depois de os três mais influentes países da NATO terem praticado uma agressão que eleva o nível de confrontação em toda a região e constitui um novo alento para os grupos terroristas em processo de derrota, principalmente a Al-Qaeda e o Daesh.
As palavras de Stoltenberg contradizem a posição da representante da maior potência da NATO assumida no Conselho de Segurança da ONU e segundo a qual «o tempo das negociações com Damasco já passou».
Missão da OPAQ pronta a investigar já amanhã
Uma fonte do governo sírio revelou que a missão da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) está pronta para começar, já no domingo, os trabalhos de investigação na região de Ghouta Oriental onde terá ocorrido o alegado ataque com armas químicas, há uma semana.
Os serviços de imprensa da OPAQ, por seu lado, confirmaram a chegada da delegação a Damasco e anunciaram que os seus membros estão prontos a deslocar-se para o local, apesar do bombardeamento de Damasco efectuado pelas potências ocidentais.
O CENTCOM da Força Aérea norte-americana, a estrutura de comando da presença do Pentágono no Médio Oriente, anunciou que entre os 103 mísseis de cruzeiro lançados na madrugada de sábado contra a Síria, 19 eram do tipo JASSM, ar-terra e de alcance prolongado.
Estes engenhos, no valor de 1,5 milhões de euros por peça, são fabricados pela Lockheed Martin e ficaram conhecidos pelos problemas que caracterizaram a sua fase de produção.
Ignora-se qual a base de origem dos bombardeiros B1 utilizados no lançamento destes mísseis. Vídeos oficiais da Força Aérea norte-americana dão conta, porém, da chegada de aparelhos deste tipo ao Qatar cerca de uma semana antes do suposto atentado com armas químicas em Douma e que serviu de pretexto para o bombardeamento da madrugada de sábado.
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