Numa manifestação de apoio que, segundo fontes oficiais, terá reunido cerca de 65 mil pessoas, o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, afirmou ontem que as exigências do Ocidente e da oposição para repetir as eleições presidenciais representariam o fim do Estado nacional, cuja soberania seria posta em causa, informa a Prensa Latina.
Refutando as acusações da oposição de acordo com as quais o resultado das eleições celebradas há uma semana foram amanhados, Lukashenko avisou que jamais deixará que o país seja entregue a outros no estrangeiro e fez a defesa das políticas aplicadas ao longo de 20 anos, «como lhe pediu o povo», para «uma economia eficiente, contra os oligarcas e contra a delinquência nas ruas», frisou.
O presidente da Bielorrússia afirmou ainda, a propósito das manifestações da oposição, que «muitas pessoas se confundiram e estão desorientadas», tendo avançado que, se havia propostas de reforma, estava disposto a analisá-las, mas deixando claro que «não haverá helicópteros que lancem dinheiro do céu» e que é preciso ganhá-lo nos «postos de trabalho, não nas ruas e nas praças», refere a mesma agência.
Também ontem, a oposição realizou uma grande manifestação no centro de Minsk para exigir a anulação das eleições e realizar aquilo a que chama «eleições democráticas», no contexto das pressões exercidas por países vizinhos da Bielorrússia – como Polónia, Letónia e Lituânia, exemplos de democracia ocidental, com muito revisionismo histórico, marchas (neo)nazis e tropas da NATO nos seus territórios –, além dos fortes empurrões dados pela União Europeia e os Estados Unidos.
A ingerência nos assuntos internos da Bielorrússia é mais do que clara e faz lembrar exemplos do guião de manipulação aplicado e visto na Ucrânia, na Venezuela ou na Síria. A Radio Free Europe – fundada e paga pelos Estados Unidos – tem sido um dos meios mais activos na transmissão das imagens da «luta pela liberdade» (ver @oriolsabata).
A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês), uma das organizações de fachada do intervencionismo norte-americano, tem menos pejo que a máquina mediática a impor a «revolução» e não se coíbe de mostrar ao que vai: «Os EUA procuram promover o surgimento de uma Bielorrússia democrática, orientada para o mercado», afirma a USAID Belarus.
Apoio de Moscovo contra ameaças externas
Recordando que, no seu tempo de governação da Bielorrússia, construiu um Estado soberano, Alexander Lukashenko denunciou a presença e concentração de tropas da NATO junto à fronteira ocidental do país.
A este propósito, fontes do Kremlin confirmaram que o presidente russo, Vladimir Putin, e Lukashenko falaram ao telefone «tendo em conta a pressão exercida na república a partir do exterior».
Em comunicado, afirma-se que a parte russa se mostrou disposta a prestar a Minsk a assistência necessária «para resolver os problemas surgidos», inclusive no âmbito da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (OTSC), que integra a Arménia, a Bielorrússia, o Cazaquistão, o Quirguistão, a Rússia e o Tajiquistão.
Este acordo prevê que um dos estados-membros possa pedir ajuda aos outros em caso de ameaça externa.
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