Participando no fórum sobre desaparecimento forçado «Contra a dor e o medo: um grito de esperança», que decorreu esta semana em Chilpancingo, capital do estado de Guerrero, por iniciativa do Centro de Derechos Humanos de la Montaña Tlachinollan, o representante das Nações Unidas afirmou que nos últimos anos «o número de pessoas desaparecidas (no México) chegou a 30 mil», mas sublinhando que a cifra não inclui os que não são contabilizados pelas estatísticas. «Estamos a falar de muitos mais», disse.
Neste sentido, considerou «fundamental que (o Congresso da União) aprove a lei contra o desaparecimento forçado», propondo ainda que sejam reparados os danos cometidos e criadas condições para que não se voltem a repetir, informa o CubaDebate.
O funcionário da ONU afirmou que «as condições de insegurança e impunidade» no México propiciaram a existência dos desaparecimentos forçados na última década, uma questão cuja gravidade salientou, assim como a das valas comuns clandestinas, sobre as quais não existem «dados de confiança», acrescentou.
O protagonismo de Guerrero
Jan Jarab referiu-se ainda ao facto ambos os problemas estarem bem vincados na realidade do estado de Guerrero, quando passam quase três anos sobre o desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa na cidade de Iguala.
O protagonismo de Guerrero foi igualmente destacado pelo presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, Luis Raúl González Pérez, afirmando que se trata de um dos estados mexicanos com maior número de desaparecimentos e o primeiro no que se refere a valas comuns clandestinas encontradas (195). Seguem-se os estados de Nuevo León e Veracruz (191), Zacatecas (83), Coahuila (51), Colima (35), San Luis Potosí (34), Durango (18), Jalisco (17) e Sonora (12).
«Não permitiremos a impunidade, nem o esquecimento; o nosso objectivo é a justiça», disse González Pérez, citado pelo CubaDebate.
Por seu lado, Blanca Martínez, representante do Centro Diocesano para os Direitos Humanos Frei Juan de Larios, abordou o papel das mulheres, que marcaram a busca dos desaparecidos, e exigiu ao Tribunal Interamericano dos Direitos Humanos «que examine o México à lupa no que respeita à questão dos desaparecimentos».
Ariel Dulitzky, ex-membro do Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Desaparecimentos Forçados, afirmou que a escolha do estado de Guerrero se deve ao facto de «representar a continuidade» desse crime no México.
Destacou também as lutas, frisando: «Guerrero é fonte de inspiração não só para o México, mas também para toda a América Latina. As lutas começaram em Atoyac, representadas por Tita Radilla [cujo pai desapareceu em Agosto de 1974], e prosseguiu com os pais e mães dos estudantes de Ayotzinapa [que se fizeram representar no fórum], mais os outros desaparecidos neste estado.»
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