De acordo com a Confederação Intersindical Galega (CIG), esta sexta-feira houve redacções vazias e a programação não essencial voltou a «cair». Tratou-se da quinta jornada de paralisação convocada na Corporación Radio e Televisión de Galicia (CRTVG).
Os trabalhadores denunciam «abusos laborais», repudiam a «manipulação informativa», reclamam a reintegração dos colegas que sofreram «transferências forçadas» e exigem uma rádio e televisão públicas ao serviço do povo.
A fonte sindical faz uma avaliação muito positiva da elevada adesão, «semelhante à de jornadas anteriores», acima dos 70%, e que levou à suspensão de programas como «A Revista», «Atmosféricos», o desporto e «Diario Cultural», prevendo que possa fazer cair outros mais.
A convocação da greve coincidiu com o arranque da campanha para as eleições municipais, previstas para 28 de Maio.
Dezenas de organizações políticas, sindicais, sociais e culturais da Galiza promovem, no próximo dia 6, a realização de uma manifestação em Compostela para exigir «uma CRTVG ao serviço do povo». As entidades promotoras da mobilização na capital galega afirmam que o governo de Alberto Núñez Feixoo, primeiro, e o de Alfonso Rueda, depois, mantêm «sequestradas» a rádio e a televisão públicas da Galiza, «antepondo os interesses do Partido Popular aos valores de carácter ético-político nos quais deve fundamentar-se o serviço público». Neste contexto, as organizações promotoras pedem à população que venha para as ruas e «resgate os seus meios», e expressam a sua firme vontade de defender a existência de uma radiotelevisão pública que divulgue conteúdos destinados a «garantir a cultura e a língua galega, a independência e a veracidade da informação, o pluralismo, a coesão social e territorial, a promoção dos direitos fundamentais e das liberdades públicas e a qualidade da própria democracia», segundo se lê num manifesto em defesa da Corporación Radio e Televisión de Galicia (CRTVG). Entre as reivindicações plasmadas no manifesto que as organizações promotoras vão entregar ao governo da Xunta, inclui-se a recuperação da «perspectiva da realidade social, laboral, económica e cultural do país e de todo o seu tecido social». Na sua programação, a CRTVG deve prestar «especial atenção» à infância e à juventude, bem como promover e defender a identidade, a cultura e a língua próprias da Galiza. Deve igualmente, no entender dos organizadores, cumprir a sua função estratégica como «motor do desenvolvimento da produção audiovisual independente», e garantir o respeito escrupuloso pela «neutralidade, a veracidade e o pluralismo informativo, erradicando a manipulação e o cancelamento de conteúdos e profissionais». Também entendem que deve ser criada uma autoridade audiovisual independente, cuja missão será «velar pelo cumprimento das missões do serviço público encomendadas» à CRTVG, e que o novo director-geral da empresa deve ser nomeado por uma maioria qualificada do Parlamento galego. A este propósito, os organizadores da manifestação acusam o actual director, Alfonso Sánchez Izquierdo, de ter sido nomeado «a dedo há 13 anos» pelo então presidente da Xunta, Núñez Feixoo, caracterizando-o como «expressão de um modelo de radiotelevisão que não garante a independência da entidade pública». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Na Galiza, querem uma TV «ao serviço do povo»
Exigências das organizações convocantes
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De acordo com o sindicato, o objectivo é fazer com que em cada concelho galego se divulgue «a grave situação que atravessam os meios de comunicação públicos da Galiza, sequestrados, no parecer do representante legal do pessoal, pelo Partido Popular, que governa a Xunta, e utiliza a rádio e a televisão de todos para fins exclusivamente partidários».
Tentativa de aproximação, suspensa após duas reuniões
Com a intenção de resolver o conflito, a representação dos trabalhadores aceitou a mediação proposta por um sindicato no seio do Conselho Galego de Relações Laborais.
Tratou-se de uma tentativa de aproximação, que a CRTVG também aceitou, mas que, segundo refere a CIG, foi suspensa esta semana, após duas reuniões, quando a empresa se recusou a aceitar a recolocação nos seus postos de trabalho originais de vários trabalhadores que haviam sido transferidos da rádio para a TV, da TV para a rádio ou da rádio para a Internet, como castigo «por não serem dóceis perante a direcção».
Os representantes dos trabalhadores, «alertados pelo elevado índice de baixas médicas motivadas pelo clima laboral», reclama igualmente, com estas mobilizações, a elaboração de um estudo psico-social actualizado, a negociação das condições de trabalho de categorias afectadas pela renovação tecnológica e a recuperação de direitos.
Entretanto, a organização representativa dos trabalhadores já adiantou que vai intensificar os protestos ao longo da campanha eleitoral, mantendo ainda agendada uma nova greve para o dia das eleições, 28 de Maio.
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