A campanha para as eleições que terão lugar a 1 de Julho no México começou a 30 de Março, mas o período eleitoral já se prolonga há oito meses. No mais recente relatório sobre «violência política», apresentado esta segunda-feira, a consultora de análise de riscos Etellekt revela que, entre 8 de Setembro do ano passado e 26 de Maio último, se registaram 357 agressões contra políticos e candidatos às eleições (incluindo neste registo atentados contra familiares).
Destas, 313 tiveram como alvo directo políticos e candidatos, 102 dos quais foram assassinados. Isto representa um aumento de 385% em relação ao número de assassinatos registados no período eleitoral de 2015 (21 assassinatos no total).
De acordo com o relatório, 72% dos ataques dirigiram-se a políticos da oposição e ocorreram em 31 entidades federativas e 245 municípios do país azteca.
Em 83% dos casos de execuções, a consultora detectou o modu operandi do crime organizado, acrescentando que comandos armados foram responsáveis por 67% dos casos de assassinato. Afirma, para além disso, que 16% das vítimas foram encontradas com marcas de tortura e violência extrema.
A este propósito, Rubén Salazar, director da consultora, diz que «se observa claramente a "mão" do crime em muitos dos assassinatos perpetrados no actual período eleitoral», mas alertou também para casos onde se verificou a «participação de polícias municipais nas agressões a políticos da oposição».
Explicou ainda que, no período referido, «se registaram em média três agressões diárias, principalmente contra candidatos, prevalecendo as ameaças e actos de intimidação», segundo revela o portal eje central.
Na época moderna, desde 1994 «este é o período mais violento» de sempre a preceder umas eleições no México, afirma Salazar, que classifica a situação como «violência insustentável».
Esta «onda» inscreve-se na violência que em 2017 deixou mais de 29 mil mortos no país – o número mais elevado em 20 anos, de acordo com o diário La Jornada.
Para Rubén Salazar, as perspectivas não são animadoras, uma vez que a consultora que dirige prevê que a violência continue e, inclusive, aumente nos tempos subsequentes às eleições, com o crime organizado a reajustar-se face às novas administrações eleitas.
Em Julho serão eleitos cerca de 18 300 cargos no México, incluindo o presidente da República, os deputados e os senadores, oito governadores, o chefe de Governo da capital, deputados nas administrações locais e cerca de 1600 autarcas.
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