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Mais dois dirigentes sociais assassinados na Colômbia

Os departamentos do Cauca e de Nariño foram palco dos assassinatos recentes de dois dirigentes sociais colombianos. Em Antioquia, um relatório sublinha a necessidade de «desmontar o paramilitarismo» como condição fundamental para se construir a paz.

A Marcha Patriótica é uma de várias organizações que denunciam a elevada presença de estruturas paramilitares em diversos departamentos colombianos
Créditos / Marcha Patriótica Valle del Cauca

Hoje foi noticiada a morte da «líder social e comunitária» Idaly Castillo Narváez, no município de Rosas, departamento do Cauca, no Sudoeste da Colômbia. De acordo com Rocío Cuenca, da Secretaria da Mulher na região, Castillo Narváez foi encontrada sem vida, com sinais de tortura e de abuso sexual, informa a TeleSur.

Rocío Cuenca destacou a importância de se realizarem investigações urgentes, por forma a encontrar os autores do assassinato de Narváez, que era membro da Mesa de Participação de Vítimas e vice-presidente da Junta de Acção Comunal de Rosas.

Por seu lado Nidio Dávila, membro da Associação de Trabalhadores Camponeses de Nariño e promotor da substituição concertada de cultivos ilícitos, foi assassinado por paramilitares, no passado dia 6, no município de El Rosario, no departamento de Nariño, também no Sudoeste do país.

De acordo com a Rede de Direitos Humanos do Sudoeste Colombiano Francisco Isaías Cifuentes, um grupo de 20 homens, que se identificaram como membros das Autodefensas Gaitanistas de Colombia, arrancaram Dávila à força de sua casa e mataram-no numa zona rural, à frente dos habitantes da região, tendo ameaçado «matar todos os que vêm falar de substituição».

Nidio Dávila era também membro da Marcha Patriótica, que já havia alertado, no mês de Julho, para a presença de paramilitares no município de El Rosario. De acordo com Comissão de Direitos Humanos da Marcha Patriótica, este ano já foram assassinados 74 dirigentes sociais na Colômbia, a maior parte dos quais no Sudoeste do país.

111 agressões contabilizadas em Antioquia

Diversas organizações apresentaram, esta quinta-feira, o relatório «Para que a paz não nos custe a vida, façamos a paz possível», que aborda as agressões a dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos no departamento de Antioquia, no primeiro semestre deste ano.

Antioquia é o segundo departamento onde mais assassinatos de dirigentes sociais foram registados nas zonas sob o controlo de estruturas paramilitares (dez). No mesmo período foram contabilizadas 111 agressões, nas quais se incluem ameaças, ataques físicos e assédios colectivos, indica o relatório. O principal agressor é o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (ESMAD), seguido pelas chamadas Autodefensas Gaitanistas de Colombia, responsáveis por 29 e 25 casos de agressão, respectivamente.

Num documento que aborda questões como as estreitas ligações entre organizações estatais e o crime organizado ou a elevada impunidade para os crimes de assassinato de líderes sociais ocorridos no departamento, destaca-se ainda a conivência entre o paramilitarismo e as forças da ordem em diversos municípios de Antioquia – uma situação que tem vindo a ser denunciada pelas populações, sem que sejam tomadas medidas, acusa o relatório, referido pela Contagio Radio.

Entre as situações denunciadas está a intimação dos habitantes de vários municípios, por parte das Autodefensas Gaitanistas de Colombia, para «lhes explicar como vai funcionar» o território sob o seu controlo. Também foram denunciadas ameaças de morte, através de panfletos.

O relatório sublinha a necessidade de activação de mecanismos de alerta imediato, bem como o reconhecimento das situações denunciadas pelas populações no que respeita à presença de estruturas paramilitares no departamento. Desmontar o paramilitarismo e investigar quem são os responsáveis, hoje, pelo apoio às suas estruturas é condição fundamental para se construir a paz e avançar na implementação dos acordos celebrados, defende-se no documento.

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