O protesto decorreu na Avenida Paulista enquanto o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, foi recebido, na mesma avenida, por Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Os manifestantes criticaram a política económica do governo, dada a elevada taxa de desemprego e o crescimento do número de trabalhadores na informalidade – sem vínculos contratuais, precários.
«Nós estamos na verdade a defendermo-nos de um ataque que já vem desde a posse do governo Bolsonaro, atacando o movimento sindical, atacando os direitos laborais, e vamos resistir. Não vamos deixar que isso aconteça. Vamos começar a resistir a este governo antes que ele acabe com o Brasil», afirmou Wagner Gomes, secretário-geral da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), em declarações recolhidas pelo Brasil de Fato.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada na sexta-feira passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego entre os brasileiros desceu de 12,3% para 11,9% em 2019, em relação ao ano anterior.
No entanto, os empregos sem contrato, não declarados (informais) atingiram 38,4 milhões de pessoas em 2019, abarcando 41,1% da força de trabalho, sendo este o nível mais elevado em três anos, segundo a mesma fonte.
Unidade dos sindicatos em defesa do emprego e da indústria
Por seu lado, Luiz Cláudio Marcolino, vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em São Paulo, sublinhou que a unidade entre as centrais sindicais surgiu no final do ano passado e que a manifestação de ontem faz parte de um conjunto de acções pelo desenvolvimento social, tendo como eixo a defesa do emprego e a denúncia do processo de desmantelamento da indústria nacional.
Juvandia Moreira, presidente da Confederação Nacional dos Bancários, criticou a venda de empresas estatais estratégicas do país proposta pelo governo. «O governo está a entregar [empresas] estatais importantes que são responsáveis pelo investimento e o país torna-se um grande exportador de produtos primários. Esta política económica só serve para aumentar a concentração do rendimento. Para aumentar os privilégios daqueles que têm muito dinheiro», denunciou.
«Cada dia ele desfere um ataque diferente aos trabalhadores e os metroviários também são vítimas dessas acções», afirmou Wagner Fajardo, coordenador do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, também em declarações ao Brasil de Fato. «Bolsonaro é o que há de pior na política brasileira e o que há de pior para os direitos do povo. Combater este governo é combater o fascismo, é combater as ideias nazis que dominam este governo, e com certeza para o povo trabalhador não há nenhuma saída a não ser a luta para tentar barrar esse processo», defendeu.
Contra o caos na Educação e a mão-de-obra precarizada
Alexandre Terini, estudante e militante do movimento Juntos, participou na manifestação para protestar «contra os cortes e o caos na Educação» e exigir a saída do ministro Abraham Weintraub, titular da pasta.
«Muitos jovens não têm conseguido aceder à universidade devido ao corte das bolsas de estudo e isso tem afectado muitas pessoas no país inteiro», frisou Terini, acrescentando que «a universidade se tem distanciado cada vez mais das perspectivas dos jovens no Brasil em favor de uma mão-de-obra cada vez mais precarizada que eles querem garantir».
Neste sentido, destacou: «A gente está realmente numa situação de fragilidade, a gente não tem uma perspectiva de futuro.»
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