Apesar da chuva intensa na capital uruguaia, dezenas de milhares de pessoas participaram, esta segunda-feira, na Marcha do Silêncio, voltando a reclamar «verdade» e a exigir «justiça» para os desaparecidos na ditadura (1973-1985).
A edição número 24 da marcha, que se realizou pela primeira vez em 1996, teve como lema «Digam-nos onde estão! Contra a impunidade de ontem e de hoje!». Organizada pela associação Mães e Familiares de Uruguaios Detidos e Desaparecidos, a Marcha do Silêncio também tem lugar noutros pontos do país austral e evoca os assassinatos, perpetrados a 20 de Maio de 1976 em Buenos Aires, do senador da Frente Ampla Zelmar Michelini, do deputado do Partido Nacional Héctor Gutiérrez Ruiz e de Rosario Barredo e William Whitelaw, bem como o desaparecimento do comunista Manuel Liberoff, a 19 de Maio de 1976, também na capital argentina.
Como noutras ocasiões, milhares de uruguaios juntaram-se na Avenida Rivera, na esquina com a Jackson, onde se encontra o Monumento aos Detidos Desaparecidos da América Latina, seguindo depois pela Avenida 18 de Julho, até chegar à Praça da Liberdade, indica o portal lr21.com.uy.
«Um abraço a todos os nossos desaparecidos»
«É acima de tudo um abraço a todos os nossos desaparecidos», disse sobre a mobilização a associação que a promoveu. Em comunicado, a Mães e Familiares de Uruguaios Detidos Desaparecidos afirma que a marcha «expressa o repúdio mais enérgico pelas atrocidades cometidas, tristemente reivindicadas não apenas pelos seus executantes, mas também pelos generais e os oficiais actuais, que não temem pela sua honra ao albergar nas suas fileiras tais elementos».
A Marcha do Silêncio constitui um «"não" claro às políticas de esquecimento», declara o organismo, que lembra que «o crime do desaparecimento continua a ser cometido actualmente, constituindo uma ameaça permanente para as novas gerações, que devem viver livres e lutar pelos seus sonhos sem essa carga».
As marchas do silêncio são a expressão da «vontade de milhares de cidadãos em todo o país, que não querem que esta história se repita», lê-se no documento, em que o organismo uruguaio clama: «Ditadura nunca mais, nem terrorismo de Estado!»
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