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Na Galiza, desceu o desemprego em Dezembro mas a precariedade não baixou

Ao fazer a leitura dos dados oficiais, a Confederação Intersindical Galega (CIG) nota que a ligeira queda nos números do desemprego não foi acompanhada por uma melhoria da qualidade do emprego.

Créditos / CIG

Lendo os números do desemprego registado em Dezembro, a organização sindical refere-se à ligeira descida na Galiza (-2,39% em relação a Novembro) e nota dois elementos menos positivos: o número de filiados na Segurança Social desceu novamente, ao mesmo tempo que o número de pessoas com contratos a tempo parcial (com condições mais precárias) continuou a aumentar.

De acordo com o Serviço Público de Emprego Estatal (SEPE), Dezembro terminou com 118 838 pessoas registadas à procura de emprego na Galiza – menos 2904 do que no mês anterior.

«Mais uma vez, a diminuição do desemprego provém do sector dos serviços, que concentra precisamente as actividades económicas com condições de trabalho mais precárias», refere a CIG a este propósito.

Em nota divulgada no seu portal, a central sindical afirma que se trata de empregos sazonais relacionados com a campanha de Natal e o período de vendas subsequente de saldos no comércio.

«De modo que este comportamento do mercado de trabalho galego não se traduz na criação de empregos estáveis ​​e de qualidade que permitam uma vida digna à classe trabalhadora», acrescenta o texto.

Mais peso de serviços e turismo, menos da indústria

Nota também que esta tem sido a tendência ao longo do ano na Galiza, onde se registaram aumentos e diminuições do emprego «em função das necessidades sazonais de um sector relacionado com a actividade comercial e com a chegada do turismo».

Ao invés, os sectores industrial e primário têm cada vez menos peso na economia galega e na criação de emprego, dificultando melhores condições de trabalho.

A descida do desemprego registado está também relacionada com a perda de população activa, em virtude da emigração e da crise demográfica que a Galiza enfrenta, entende a CIG, que destaca o facto de o território galego ser uma das regiões com a taxa de desemprego mais elevada da União Europeia.

Neste contexto, a CIG reitera a necessidade de implementar uma profunda alteração na legislação laboral e nas políticas de emprego, tanto por parte do governo galego como por parte do espanhol. Refere-se, concretamente, à necessidade de revogar as sucessivas reformas laborais, incluindo a de 2021, que «viabilizou e potenciou a contratação fixa descontínua e a tempo parcial».

A central sindical exige ainda ao executivo galego uma mudança nas políticas económicas, de modo a «fortalecer o sector industrial» e a evitar que a economia esteja apenas dependente do turismo assente no Caminho de Santiago, bem como a impedir a «destruição do mundo rural» por via da promoção da eucaliptização e da instalação de indústrias poluentes como a Altri.

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