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«Não queremos que os professores voltem a viver abaixo do limiar da pobreza»

Mais de 90% dos docentes argentinos no Ensino Público aderiram ao protesto de 48 horas contra as políticas de Macri. Exigem negociação colectiva, aumentos salariais e maior investimento na Educação.

Milhares de docentes argentinos em greve mobilizaram-se contra a política de Macri no sector da Educação
Créditos / SUTEBA

A greve, agendada para os dias 6 e 7, teve continuidade esta sexta-feira, uma vez que muitos sindicatos de docentes decidiram aderir às paralisações do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, refere o periódico Página 12.

Convocada pela Confederação de Trabalhadores da Educação da República Argentina (CTERA), pela Federação Nacional de Docentes Universitários (CONADU) e pelo Sindicato Argentino de Docentes Particulares (SADOP), a greve abrangia todos os níveis de ensino, público e privado, e contou ainda com o adesão de mais meia dúzia de organizações sindicais do sector educativo.

De acordo com o CTERA, no Ensino Público a adesão foi superior a 90% e impediu que o ano lectivo se iniciasse no país austral. Os docentes exigem que o governo de Macri mantenha aberta a negociação colectiva a nível nacional, aumentos salariais que permitam recuperar o poder de compra – rejeitando as propostas do Ministério da Educação, muito inferiores ao nível de inflação no país – e maior dotação orçamental para a Educação.

Pobreza e endividamento entre os docentes

O primeiro dia de greve ficou marcado por uma manifestação no centro de Buenos Aires, com milhares de professores a confluírem para a Praça de Maio. «Viemos dizer ao presidente, Mauricio Macri, que não queremos voltar às fases mais críticas da nossa pátria, quando os professores viviam abaixo do limiar da pobreza; a isso nos conduziu este governo», denunciou Sonia Alesso, secretária-geral do CTERA, no final da mobilização.


Falando para os milhares de professores reunidos na Praça de Maio, Alesso chamou a atenção para as dificuldades que estes atravessam: «Estão a conduzir as escolas de todo o país a situações muito difíceis e os professores estão a ser obrigados a endividar-se, pois não têm que chegue para o fim do mês. Todos os dias deparamos nos nossos sindicatos com reformados que têm de contrair créditos para pagar os serviços», disse, citada pela Página 12.

Mirta Petrocini, presidente dos Docentes Argentinos Confederados (DAC), lamentou que as aulas não tenham começado – «um facto triste e preocupante para todos» –, mas imputou as responsabilidades ao governo de Macri, uma vez que tem de garantir as condições para o funcionamento do Ensino Público. Sobre as propostas salariais do governo, disse que são «vergonhosas» e sublinhou que há milhares de docentes «que já estão à beira da indigência».

Outra preocupação manifestada pelos docentes foi a relativa à necessidade de melhorar as infra-estruturas educativas no país, que, segundo os sindicatos, não têm condições para receber os alunos.

«Escolas públicas pobres para pobres e escolas para ricos»

Para os sindicatos, os cortes salariais e a diminuição no investimento na Educação revelam a política de fundo da coligação Cambiemos, que visa «criar as condições para a privatização» no sector.

Os dirigentes do CTERA denunciam que está em curso a criação de um duplo circuito de «escolas públicas pobres para pobres e ricas para ricos», que tem subjacente um «modelo de Educação como bem de mercado, disponível, abundante e de qualidade, com a condição única de se pertencer ao mundo dos que podem pagar».

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