A insistência da direita francesa vingou com a cúmplicidade do Partido Socialista francês, parte integrante da Nova Frente Popular. Ainda ontem, a França Insubmissa voltou a apresentar uma nova moção de censura ao Governo gaulês, mas François Bayrou, o primeiro-ministro, sobreviveu às intenções dos proponentes.
A moção de censura obteve 128 votos a favor, muito aquém dos 289 necessários para uma maioria absoluta na Assembleia Nacional. François Bayrou, membro do Movimento Democrático que integrou a coligação Juntos e ficou em terceiro lugar nas eleições legislativas do ano passado, teve a ajuda do Partido Socialista (PS) e da extrema-direita de Marine Le Pen.
Apesar de ter noção que o Governo iria utilizar o artigo 49.3 da Constituição para aprovar o Orçamento do Estado sem uma votação parlamentar, o PS justificou a sua abstenção com um «mais vale um "mau" orçamento do que nenhum orçamento», traindo desta forma a frente de esquerda que integrava.
Na realidade, esta posição do PS já se esperava uma vez que Michel Barnier tinha estado a negociar o Orçamento do Estado com o partido que integrava a Nova Frente Popular. Noticiava-se que poderia haver, no entanto, alguma divisão no seio dos socialistas, mas o grupo parlamentar emitiu uma nota na qual afirmou que a opção pela abstenção era «unânime»,
A vontade de Michel Barnier e do presidente, Emmanuel Macron, acabou por ir avante. Hoje, fugindo à votação dos deputados, o Orçamento do Estado acabou por ser hoje aprovado na câmara alta, dominada por uma aliança centrista de direita, com 219 votos a favor e 107 contra.
No quarto trimestre de 2024, França registou o maior aumento do desemprego em dez anos, excluindo o período da pandemia de 2019 e, de acordo com os números publicados pelo Ministério do Trabalho, o desemprego subiu 4%, com os jovens a serem a camada mais afectada.
O Orçamento do Estado prevê reduzir os incentivos às empresas que contratam jovens e o aumento da carga fiscal poderá afectar as micro, pequenas e médias empresas. Os alívios fiscais existentes são destinados a empresários cujo ramo se centra na actividade não produtiva e haverá um corte de 2,2 mil milhões de euros na administração local.
A par deste corte, o orçamento para o Ensino Superior sofrerá um corte de mil milhões de euros e a Investigação um corte de 480 milhões de euros. A área da cultura também será afectada com um corte de 150 milhões de euros e o orçamento destinado ao desporto sofrerá uma redução 10% em relação a 2024.
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