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|França

Entre a espada e a parede, Macron insiste na «grave inacção» olímpica

Três meses depois das eleições, com uma espécie de tréguas durante os Jogos Olímpicos e já sabendo que a  Nova Frente Popular indicou Lucie Castets para primeira-ministra, Emmanuel Macron mantém o silêncio. 

CréditosAlain Jocard / EPA/LUSA

Já vai distante o processo eleitoral que ditou a vitória, ainda que relativa, da Nova Frente de Esquerda nas eleições legislativas francesas. Os resultados que saíram desse processo eleitoral deixaram o presidente francês, Emmanuel Macron, numa posição delicada, com a coligação de esquerda a arrecadar 193 deputados, o partido presidencial 165 e a extrema-direita 143, sendo que seriam necessários 289 eleitos para alcançar a maioria absoluta. 

As sete semanas que datam do resultado final da segunda volta até aos dias de hoje tiveram pelo meio os Jogos Olímpicos, um momento que trouxe uma aparente paz social e que foi aproveitado pelo presidente francês para protelar toda e qualquer decisão sobre a formação de um novo Governo.

As evidências apontam no sentido de Macron ter que, a contragosto, convidar a Nova Frente de Esquerda a formar Governo. A coligação que integra a França Insubmissa, Partido Socialista, Os Ecologistas, Partido Comunista Francês e o Novo Partido Anticapitalista, não se fez esperar e indicou Lucie Castets como próxima primeira-ministra.

A escolhida pela coligação de esquerda era uma desconhecida do grande público. Com 37 anos, economista, é actualmente directora de finanças da Câmara de Paris, tendo feito, durante a sua juventude, um percurso político no Partido Socialista francês, do qual se viria a desvincular. 

Ao contrário do que é vendido por grande parte da opinião dominante, Lucie Castets não parece ser da chamada «extrema-esquerda». No seu curriculum, Castets conta com passagens pelo Banco Mundial, onde realizou consultadoria no departamento de luta contra o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo, chegou a trabalhar na Direção-Geral do Tesouro e a liderar um departamento do serviço de inteligência financeira francês, o Tracfin. 

Com resultados oficiais, uma composição de uma Assembleia Nacional inegável e a indicação por parte da Nova Frente de Esquerda de um nome para liderar o futuro executivo governativo, Macron não tem grande margem de manobra e sabendo disso mesmo parece está a fazer a única coisa que pode: adiar a decisão ao máximo. 

Quem naturalmente não está agradado é a coligação considerada vencedora das eleições legislativas. Face à situação que não tem desenvolvimentos, a Nova Frente de Esquerda redigiu uma carta dirigida aos franceses na qual considera que Macron está a «hesitar em vez de tirar as consequências» das eleições.

«Estamos prontos para governar», afirmam os quatros partidos que compõem a coligação e questionam «até quando vamos continuar como se nada tivesse acontecido no início do Verão?».

Neste sentido, dizem estar «convencidos» de que a falta de maioria absoluta não será um problema e acusam o presidente que provocou toda a instabilidade política de «grave inacção» com o premeditado adiar de uma solução. 

Recentemente, Lucie Castets, numa entrevista ao canal de televisão BFMTV, considerou existir «uma emergência social e democrática no país actualmente» e que «é absolutamente urgente implementar as políticas que o povo francês espera», assim como «fortalecer os serviços públicos».

Se a tinta já se estava a estalar, a situação parece começar a atingir um ponto de ebulição. No passado domingo, num texto publicado no jornal financeiro La Tribune Dimanche, assinado por Jean-Luc Mélenchon, Mathilde Panot e Manuel Bompard, a França Insubmissa considerou existir uma tentativa de «golpe de Estado institucional» e ameaçou recorrer à Constituição francesa para o destituir o presidente francês caso fosse necessário. 
 

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