|Venezuela

Parlamento da Venezuela condena agressão de paramilitares colombianos

A Assembleia Nacional repudiou o ataque de paramilitares colombianos contra alvos civis no estado de Apure, destacando que não irá tolerar a presença destes «grupos criminosos» em solo venezuelano.

Jorge Rodríguez considerou «inverosímil» que uma operação deste tipo «pudesse ser levada a cabo sem a coordenação com os governos dos Estados Unidos e da Colômbia»
Jorge Rodríguez fornecendo dados sobre a participação dos EUA e da Colômbia na incursão armada frustrada de Maio de 2020 Créditos / RFI

Num comunicado, o órgão legislativo venezuelano condenou esta quinta-feira a acção recente de elementos irregulares armados provenientes da Colômbia contra a população de La Victoria, no estado de Apure (Sudoeste), qualificando-a como atentado à soberania e à paz do país e como «resultado dos 70 anos de conflito armado interno», que o país vizinho «não soube ou não quis resolver de forma pacífica».

Ao proceder à leitura da declaração, transmitida pela TV, o presidente da Assembleia Nacional (AN), Jorge Rodríguez, afirmou que o fenómeno dos grupos armados, dedicados a actividades ilegais e ligados às máfias do narcotráfico, faz parte de um conflito a que a Venezuela é alheia e que o Governo colombiano consente e exporta de forma irresponsável, refere a TeleSur.

«As instituições democráticas venezuelanas não irão tolerar a presença de grupos criminosos colombianos no nosso território», sublinhou Rodríguez, que recordou a participação do seu país, a pedido de instituições colombianas, como mediador nos acordos de paz do país vizinho.

A este respeito, disse que o governo de Iván Duque abandonou o caminho da paz e entregou as fronteiras a organizações criminosas, que as transformaram num teatro de operações para agressões apoiadas contra Caracas.

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Depoimento de «traidor» confirma envolvimento de EUA e Colômbia na «incursão armada»

O ministro venezuelano da Informação apresentou as declarações do «desertor e traidor» Antonio Sequea, que confirmam a articulação da Colômbia e dos EUA com o narcotráfico para atacar a Venezuela.

Pescador venezuelano armado, em Chuao, estado de La Guaira, aborda lancha com mercenários
Créditos / TeleSur

Na conferência de imprensa que deu esta terça-feira no Palácio de Miraflores (sede do executivo), Jorge Rodríguez, ministro da Comunicação e Informação da Venezuela, apresentou vários vídeos com depoimentos de detidos ligados à fracassada tentativa de incursão terrorista do passado dia 3 de Maio, que tinha como principal alvo o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Entre os depoimentos mostrados conta-se o de Antonio Sequea, «chefe operacional» do plano abortado e, nas palavras de Rodríguez, «desertor e traidor à pátria». Segundo este mercenário, ao serem levados para a península de La Guajira, em território colombiano, foram recebidos por um dos principais narcotraficantes da região, Elkin Javier López, Doble Rueda.

Alegadamente, o presidente colombiano, Iván Duque, exige a sua captura e os Estados Unidos pediram a sua extradição. No entanto, López leva a cabo as suas actividades numa quinta localizada ao lado de uma instalação da Administração para o Controlo de Droga (DEA, na sigla em inglês) em território colombiano, disse Sequea, tendo afirmado que o grupo esteve na quinta pelo menos 40 dias – onde foi treinado por militares norte-americanos com vista à missão de 3 de Maio.

Sequea referiu ainda que comunicava diariamente com o mercenário e militar Jordan Goudreau, dono da empresa Silvercorp, o que lhes dava confiança, uma vez que os seus planos tinham como base um contrato assinado pelo deputado da oposição Juan Guaidó – reconhecido por Washington como presidente interino da Venezuela – e apoiado pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

A este propósito, o desertor venezuelano revelou que Goudreau se reuniu com Guaidó na Casa Branca para coordenar a incursão marítima armada e garantiu que as forças de segurança dos Estados Unidos estavam inteiramente a par da «Operação Gedeón», informa a TeleSur.

«Fica totalmente provada a participação de Juan Guaidó nesta acção; ele deu a ordem para que a invasão armada contra a Venezuela fosse levada a cabo», frisou Jorge Rodríguez.

Coordenação da Colômbia e da DEA com o narcotráfico

Num outro vídeo mostrado pelo ministro venezuelano, apareceu o depoimento do detido José Alberto Socorro, Pepero, que reafirmou a ligação existente entre o narcotráfico, que «faz vida impunemente em La Guajira colombiana», e a DEA no apoio logístico a este tipo de operações militares que visam agredir a Venezuela.

«É uma prática comum da Colômbia e da DEA capturarem narcotraficantes para os extorquir e utilizar no financiamento a incursões homicidas, como é o caso do narcotraficante Doble Rueda, responsável pela logística dos mercenários em La Guajira», reiterou Rodríguez, citado pela Prensa Latina.

Acrescentou que as confissõese dos mercenários respondem às perguntas feitas pelo presidente do Comissão de Assuntos Externos da Câmara dos Representantes dos EUA, Elliot Engel, ao Departamento de Estado, numa comunicação enviada ao secretário Mike Pompeo, que até ao momento não teve resposta.

Engel exigiu ao governo de Trump esclarecimentos sobre o planeamento da «Operação Gedeón» na costa venezuelana, no estado de La Guaira, que tinha como propósito executar Nicolás Maduro e outros altos funcionários, bem como perpetrar um golpe de Estado no país caribenho.

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Lembrou ainda que, com a cumplicidade da administração dos EUA, foram organizados e concretizados a partir de Bogotá o atentado contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (em Agosto de 2018), e a incursão mercenária conhecida como Operação Gedeón (Maio de 2020).

Perante estes factos, a AN manifestou todo o seu apoio ao presidente Nicolás Maduro e ao comando da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) na execução das tarefas de protecção da soberania e da integridade territorial, refere a mesma fonte.

O Parlamento refutou ainda declarações recentes do Ministério colombiano dos Negócios Estrangeiros e do Comando Sul dos Estados Unidos que visam não só acusar a Venezuela como fugir às suas responsabilidades no consentimento de actividades ilegais na fronteira.

Acção do Comando Estratégico Operacional do Exército nas fronteiras

O Ministério venezuelano da Defesa informou, no início desta semana, que tinha capturado 32 paramilitares colombianos no estado de Apure, onde unidades da FANB enfrentaram grupos «irregulares» provenientes da Colômbia.

Durante as operações, em que foram mortos dois militares venezuelanos, os efectivos da FANB neutralizaram um dos dirigentes destes grupos, destruíram vários acampamentos e apreenderam armas, munições, explosivos, viaturas e drogas.

De acordo com a TeleSur, 60 elementos destes grupos fugiram para a Colômbia mas não foram presos no seu país, apesar dos alertas constantes da Venezuela.

Já esta quinta-feira, a FANB deu conta da apreensão de explosivos, munições e meios logíticos no estado ocidental de Táchira, junto à fronteira com a Colômbia. As operações tiveram lugar no município de Ayacucho, informou o Comando Estratégico Operacional do Exército (Ceofanb).

Os militares venezuelanos – revela a Prensa Latina – destacaram que se «mantêm alerta para fazer frente às células terroristas paramilitares» no país e que estão a infligir «duros golpes aos grupos irregulares criminosos colombianos».

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