Os números relativos à maré humana nas ruas de Bruxelas, na passada quinta-feira, foram divulgados pelos sindicatos e pelo Partido do Trabalho da Bélgica (PTB-PVDA), que se referiu a uma «vaga de resistência e de solidariedade».
Thierry Bodson, secretário-geral da Federação Geral do Trabalho da Bélgica (ABVV-FGTB), declarou à imprensa que se tratou de algo com uma dimensão «inédita» e seguramente de «uma grande manifestação».
Questionado na mesma ocasião sobre o facto de já ter sido convocada uma greve geral para 31 de Março, o dirigente sindical disse que os ataques deste governo, que tomou posse a 3 de Fevereiro último, «são muito mais numerosos e variados», e que haverá muitos trabalhadores a ser afectados por essas medidas em múltiplos sectores de actividade.
Questões como o fim da carreira, as pensões e a flexibilidade laboral têm de ser revistas e alteradas, afirmou Bodson, sublinhando, em resposta ao patronato – que qualificou a manifestação como «anti-social» –, que o objectivo fundamental da mobilização era mostrar ao patronato e à direita que a economia não funciona sem os trabalhadores e que estes devem ser valorizados.
Defender direitos conquistados e alertas para o futuro
Ao longo da enorme manifestação, os trabalhadores afirmaram a necessidade de o governo liderado por Bart De Wever respeitar os direitos laborais conquistados, a protecção social e pensões dignas, bem como o direito a protestar.
Em declarações a órgãos de imprensa, durante a manifestação, vários trabalhadores abordaram situações como a precariedade, horários a meio tempo impostos, condições desiguais atribuídas a homens e mulheres no desempenho da mesma função, horas extra não pagas e pensões.
Os planos divulgados pelo governo composto por N-VA, CD&V, Vooruit, MR e Les Engagés apontam para alterações ao sistema de pensões, mais anos de trabalho, maior flexibilidade e precariedade, e menor protecção social.
Só no sector da Saúde, estão previstos cortes na casa das centenas de milhões de euros, com impactos tanto nos trabalhadores que prestam os serviços como nos pacientes. Impactos semelhantes são esperados noutras áreas – com menor qualidade nos serviços e maior dificuldade de acesso.
Outro aspecto abordado por dirigentes sindicais, organizações sociais e PTB é o relativo aos ataques ao direito de manifestação e à actividade sindical – enquadrados numa alegada necessidade de prevenir «danos à economia».
«O objectivo é fazer com que os sindicatos sejam responsabilizados por qualquer impacto económico decorrente das suas acções, forçando-os a batalhas jurídicas custosas e demoradas», alertou o PTB. «Desta forma, os sindicatos terão menos dinheiro e tempo para dialogarem com os trabalhadores», acrescenta.
No entender do PTB, «para levar avante o seu plano de destruição social, o governo está a lançar um ataque sem precedentes aos direitos democráticos na Bélgica», visando «enfraquecer e silenciar qualquer oposição».
Em todo o caso, o movimento sindical parece pronto para lutar, estando previstas múltiplas mobilizações, incluindo a do Dia da Mulher, a 8 de Março, e uma greve geral, no dia 31 do mesmo mês.
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