O Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), em comunicado emitido dia 5, «exorta as autoridades portuguesas», através do seu embaixador na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), a votarem a favor do pedido de classificação apresentado pela Palestina.
«Só deste modo Portugal contribuirá para evitar a destruição de um património de inegável valor histórico e cultural, e recusará pactuar com as manobras da potência ocupante, Israel, país que viola sistematicamente, desde há décadas, sucessivas resoluções da ONU e cuja persistente ocupação tem posto continuadamente em risco este e outros sítios históricos da Palestina», afirma o documento.
Notável conjunto arquitectónico... em risco
A organização portuguesa sublinha que «Hebron, cidade palestiniana localizada no Sul da Margem Ocidental ocupada por Israel desde 1967, é uma das mais antigas cidades continuamente habitadas do mundo» e que «a sua Cidade Velha é local de peregrinação das três religiões monoteístas», constituindo «um notável conjunto arquitectónico, com destaque para a Mesquita de Ibrahimi e o Túmulo dos Profetas».
Em 1996, a Autoridade Palestiniana criou o Comité de Reabilitação de Hebron, cujo trabalho de conservação e reabilitação teve reconhecimento na «atribuição do prestigioso Prémio Aga Khan de Arquitectura». A candidatura da Cidade Velha a Património Mundial da UNESCO, foi apresentada em 2012.
«Porém, os contínuos actos de vandalismo, danificação do local e outros atentados, documentados nomeadamente por relatórios da UNOCHA [sigla inglesa de Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários], levaram as autoridades palestinianas a requerer a passagem do pedido de classificação para um processo de emergência, que se justifica tanto mais quanto persiste a ocupação», e quando cerca de 800 colonos israelitas, no coração da cidade, são protegidos «por forças militares israelitas e por todo um sistema de restrições e checkpoints impostos aos 300 mil habitantes palestinos», destaca o documento.
Ao rol de violações directamente ligadas ao assunto em causa, acresce o facto de as autoridades israelitas «terem expressamente impedido uma visita de campo a Hebron de uma equipa de avaliação do ICOMOS [sigla em inglês de Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios], através da negação de vistos de entrada em Israel».
«Potência ocupante» e pressões externas
Na terça-feira, a UNESCO aprovou uma resolução em que define Israel como «potência ocupante» e denuncia as suas práticas «ilegais» em Jerusalém Oriental. No texto, lamenta-se que «as autoridades ocupantes de Israel não detenham as escavações, os túneis, as obras e outros projectos ilegais em Jerusalém Oriental, sobretudo na Cidade Antiga e em seu redor, o que é ilegal à luz do Direito Internacional».
O embaixador israelita nas Nações Unidas, Danny Danon, condenou a resolução da UNESCO, tendo afirmado que «nada é mais vergonhoso do que a UNESCO declarar» Israel como ocupante da Muralha Ocidental e da Cidade Antiga de Jerusalém, informa a PressTV.
No dia 30 de Junho, uma aliada próxima de Danon nas Nações Unidas, Nikki Haley, embaixadora dos EUA, posicionou-se sobre a candidatura de Hebron a Património Mundial, escrevendo ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à directora-geral da UNESCO, Irina Bokova, que a Mesquita de Ibrahimi «não está ameaçada» e que «tal classificação pode pôr em causa a seriedade que uma avaliação por parte da UNESCO deve ter».
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