«Recordamos hoje a queda da grande Tenochtitlán e pedimos desculpa às vítimas da catástrofe provocada pela ocupação militar espanhola da Mesoamérica e do actual território da República do México», declarou Manuel López Obrador, Presidente do México.
As afirmações foram proferidas em Zócalo, praça central da Cidade do México, e antigo ponto cerimonial da capital do império Asteca. Para as comemorações foi erigida uma réplica, quase em tamanho real, do Templo Mayor, destruídodepois da conquista espanhola.
Perante uma audiência composta por representantes indígenas do México, Canadá e Estados Unidos da América, assim como descendentes do último grande imperador Asteca, Montezuma II, López Obrador exigiu um pedido de desculpaspor parte da monarquia Espanhola e da Igreja Católica pelas atrocidades cometidas durante a conquista e colonização dos territórios que correspondem actualmente ao México.
Falando para as mais de 150 mil pessoas que se juntaram na Praça de El Zócalo (Cidade do México) no dia da tomada de posse, Obrador fez a defesa da transparência e da luta contra a corrupção. No discurso da tomada de posse, que ontem teve lugar, o novo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, reafirmou e aprofundou muitas das linhas que guiaram o discurso que fez no mesmo local há cinco meses, pouco depois de se confirmar que o líder do partido Morena e candidato pela coligação Juntos Haremos Historia era o vencedor das eleições presidenciais. «Reafirmo o compromisso de não mentir, não roubar e não trair o povo do México», disse no início da sua intervenção, em que fez questão de afirmar uma «nova política», por oposição ao «antigo regime». Referido-se à corrupção – que encara como um dos problemas mais graves que afligem o país azteca –, prometeu acabar com ela «de alto a baixo» e, do mesmo modo, com as «violações da Constituição e das leis», com a impunidade e os privilégios. Defendendo a transparência, disse que se acabou o tempo do «amiguismo, do nepotismo» e dos «roubos», seja de combustível, seja por via da falsificação de facturas, da evasão fiscal, da fraude eleitoral ou da compra de votos. E garantiu que todas estas práticas passarão a ser punidas, de facto. Ainda neste domínio, disse que todos os cidadãos vão poder saber quanto ganha cada um dos funcionários do Estado, do presidente ao trabalhador da limpeza. Neste anseio de «purificação da vida pública mexicana», o mandatário sublinhou que «todos os cidadãos serão atendidos», mas que, enquanto governar, se aplicará o princípio "primeiro, os pobres"», indica a VTV. «Ninguém vai traficar com a pobreza […]. Este é um governo do povo e para o povo», disse, insistindo numa ideia que já tinha vincado em Julho. Do mesmo modo, garantiu que vai implementar uma série de políticas sociais, nomeadamente na área da Educação, de forma a conferir maior protecção social aos estudantes com menos recursos e a assegurar que, em todos os níveis de ensino, existe educação gratuita e de qualidade. No âmbito das políticas sociais, afirmou que haverá aumentos nos salários mais baixos, bem como nas pensões e nos benefícios sociais para as pessoas com deficiência. López Obrador ainda anunciou um amplo programa de obras públicas no país, em que se inclui a construção de universidades e estradas. Num acto em que os representantes dos povos indígenas do México assumiram grande protagonismo, o novo presidente defendeu também a aposta na reactivação económica do país. Assim, defendeu que o campo, a actividade mineira, a produção eléctrica e as empresas estatais conheçam um novo impulso no seu mandato. Para tal, disse, conta com os trabalhadores activos e com os reformados, refere a VTV. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
López Obrador insiste que a prioridade são «os de baixo»
Prioridade: os mais desfavorecidos
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«A conquista e a colonização são sinais de atraso, não de civilização, e muito menos de justiça», declarou o presidente Mexicano, «este desastre, cataclisma, catástrofe, o que quer que lhe queiram chamar, permite-nos afirmar, com confiança, que o período da conquista foi um tremendo insucesso».
«Como é que podemos falar de civilização quando se perderam milhões de vidas humanas e o império, ou a monarquiadominante, foi incapaz, ao longo de três séculos de colonização, de recuperar os níveis populacionais que existiam antes da ocupação militar», questionou López Obrador.
A bárbara invasão da «civilização»
O conquistador espanhol Hernán Cortés tomou definitivmente Tenochtitlán a 13 de Agosto de 1521, à cabeça de uma coligação composta por espanhóis e de várias facções indígenas que Cortés manipulou, aproveitando-se dos conflitos regionais existentes no Império Asteca.
Entre 40 e 240 mil astecas terão sido mortos na sequência da tomada de Tenochtitlán, quando a cidade estava já especialmente enfaquecida pela incidência de varíola, sarampo e papeira, doenças introduzidas pelas forças coloniais que poderão ter reduzido a população em cerca de 40% antes da invasão.
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