Para denunciar o assalto às instalações do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), na passada sexta-feira, autoridades indígenas e organizações sociais guatemaltecas convocaram uma paralisação nacional, que teve início na madrugada de 2 de Outubro e no âmbito da qual foram realizados cortes de estrada em dezenas de pontos.
Luis Pacheco, presidente da Junta Directiva dos 48 Cantones de Totonicapán, disse então que «não queriam parar o país», mas que o fariam, se fosse caso disso, em alusão à exigência de demissão daqueles que, em seu entender, estão a tentar levar a cabo um «golpe de Estado».
Na segunda-feira, Pacheco disse que a paralisação seria de 24 horas seguidas e até que a Procuradora-Geral, Consuelo Porras, se demitisse – depois de, no passado dia 29 de Setembro, um grande contingente policial ter invadido as instalações do TSE e, no dia seguinte, ter dali levado documentação relativa ao processo eleitoral que deu a vitória a Bernardo Arévalo, candidato presidencial pelo Movimiento Semilla.
Também com a participação de sindicatos e organizações de estudantes, registaram-se mobilizações e cortes de estradas em mais de três dezenas de pontos de 12 departamentos do país, na segunda-feira, dia em que houve manifestações na capital, frente à sede do MP e ao Tribunal Constitucional.
Ontem, as mobilizações prosseguiam, havendo registo de cerca de vias cortadas em 20 pontos no país centro-americano, revelou a Prensa Comunitaria Km169, indicando que os protestos iam continuar esta quarta-feira, estando convocados, a partir das 6h da manhã (hora local), em 14 departamentos da Guatemala.
Além dos bloqueios rodoviários, manteve-se também, ontem, a presença de manifestantes junto à sede do MP, na Cidade da Guatemala, seguindo a premissa de que a pressão se deve manter até que se demitam os responsáveis pelas acções contra o poder eleitoral.
A medida do MP está a ser encarada como uma tentativa de impedir que o vencedor das eleições presidenciais assuma o cargo. Neste contexto, refere a TeleSur, os magistrados do TSE reafirmaram, em conferência de imprensa, que foram cumpridos os trâmites constitucionais exigidos para a passagem do poder, prevista para 14 de Janeiro do próximo ano.
Recorde-se que o MP decretou a apreensão das actas oficiais das eleições e que se trata da quarta operação policial de busca à sede do TSE desde que o progressista Arévalo venceu as eleições, a 20 de Agosto último.
O MP da Guatemala, que emitiu um comunicado classificando como «lamentáveis» os bloqueios rodoviários, pretende levantar a imunidade dos magistrados, alegando que terão cometido crimes de fraude, incumprimento de funções e abuso de autoridade, indica a Prensa Latina, que dá conta de acosso e intimidação a funcionários eleitorais e eleitos no país – algo que foi denunciado pela Organização das Nações Unidas.
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