O presidente do governo regional catalão deposto pelo executivo central de Madrid saiu da prisão de Neumünster, no estado de Schleswig-Holstein (Alemanha), ao final desta manhã, depois de pagar uma fiança de 75 mil euros. A justiça alemã não aceitou a imputação do crime de rebelião, mas apenas o de desvio de fundos, o que afasta o risco de fuga e a necessidade de prisão preventiva, de acordo com o tribunal estadual que está a apreciar o pedido de extradição europeu emitido pelo Estado espanhol.
Mais uma etapa na escalada
Carles Puigdemont assumiu a presidência da Generalitat (governo regional) em Janeiro de 2016, indicado pelas forças políticas que deram origem ao actual Partido Democrata Europeu Catalão (direita) e que governavam a região desde 2010, com Artur Mas.
A escalada em torno da questão nacional catalã tem vindo a ser marcada por uma agressividade crescente por parte do governo central de Rajoy, que procura desviar o foco das atenções dos problemas económicos e sociais que obrigaram a duas eleições gerais em menos de seis meses, em que o PP caiu cerca de dez pontos percentuais. Também na Catalunha, a taxa de desemprego atingiu níveis históricos com a governação de Mas, tendo atingido cerca de 25%.
Os últimos meses têm sido marcados também pelo recrudescimento de manifestações nacionalistas e franquistas em Espanha e na Catalunha, e pela repressão política crescente em Espanha.
Fica na Alemanha até decisão definitiva sobre extradição
Puigdemont ficará em liberdade, com residência fixa na Alemanha, enquanto aguarda a decisão definitiva quanto à outra acusação que pende sobre si. Numa breve intervenção à saída da cadeia de Neumünster, pediu a libertação dos restantes representantes catalães presos antes e depois do referendo à independência da região de Outubro passado e posterior declaração de independência pelo parlamento regional, que ficou suspensa por proposta de Puigdemont.
Já na Bélgica esteve sob vigilância
A prisão do presidente da Generalitat na Alemanha foi o culminar de uma operação dos serviços secretos espanhóis, que o perseguiram desde a Finlândia até atravessar a fronteira entre a Dinamarca e o estado federal de Schleswig-Holstein, quando avisaram as autoridades alemãs da sua localização.
As autoridades judiciais belgas estão desde Fevereiro a investigar um aparelho de geolocalização encontrado no automóvel de Puigdemont, junto à sua residência naquele país, em Waterloo, de acordo com o diário catalão Ara.
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