Depois de sete semanas de quarentena, muitas pessoas regressaram esta quarta-feira ao trabalho usando o Metro de Londres. Ao serem confrontados com fotos de carruagens apinhadas e nas quais se viam muitos utentes sem máscara, dirigentes do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Ferroviários, Marítimos e dos Transportes (RTM, na sigla em inglês) deixaram claro que irão avançar para a greve e parar os comboios se condutores e passageiros não estiverem devidamente protegidos do novo coronavírus.
Em declarações à Sky News, Mick Cash, secretário-geral do RTM, abordou o eventual recurso à greve para «proteger trabalhadores e passageiros», acrescentando que os funcionários do Metro têm direito a recusar-se a trabalhar se não se sentirem seguros. «Se é isso que é preciso para manter as pessoas seguras, então paramos os comboios», frisou.
Apesar do apelo feito pelo Transport for London (TfL) – órgão governamental responsável pelo sistema de transportes da Área Metropolitana de Londres – para que os passageiros usassem máscaras nos transportes públicos, parece que muitos não o fizeram, refere o jornal The Guardian.
«Mick Cash, secretário-geral do RTM: "Se é isso que é preciso para manter as pessoas seguras, então paramos os comboios"»
Os trabalhadores do Metro afirmaram que houve «confusão total» durante a suspensão do serviço numa parte da Linha Victoria, após haver registo de que um passageiro tinha desmaiado. Um trabalhador sublinhou ainda que, na hora de ponta, não existiu o distanciamento social.
Uma funcionária num laboratório disse ao The Guardian que, no período da quarentena, foi fácil manter o distanciamento social nos transportes. Agora, não só há mais gente nos transportes como as pessoas parecem estar a assumir uma atitude mais relaxada, não usando máscaras e luvas nos autocarros e comboios. «As pessoas não se importam tanto», como se pensassem que «por não terem adoecido até aqui estão safas», disse.
Alternativas têm de ser viáveis
Ao falar ao país, no domingo, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que quem não podia trabalhar a partir de casa devia começar a regressar ao trabalho a partir de ontem, instando as pessoas a evitar os transportes públicos e a ir de carro, de bicicleta ou a pé para o trabalho.
Mas os sindicatos lembraram-lhe que a sugestão não é viável para muitos dos que trabalham na capital e não têm carro e vivem demasiado longe do local de trabalho para se deslocarem de bicicleta ou a pé.
Na segunda-feira, o TfL afirmou que, para manter o distanciamento social de dois metros, teria de reduzir o número de passageiros para 13-15% do nível normal. Tal significaria que apenas 600 mil pessoas por dia poderiam usar a rede de transportes públicos nas deslocações para o trabalho.
Segundo o organismo, por enquanto o número de passageiros é reduzido. Esta quarta-feira, entre as 7h e as 10h, pouco mais de 63 mil utentes viajaram na rede de transportes públicos. No mesmo período do mesmo dia há um ano, foram mais de um milhão.
Em todo o caso, a tendência é para aumentar e o TfL anunciou que vai aumentar progressivamente a frequência de comboios, depois da redução verificada na quarentena, prevendo-se que, na próxima segunda-feira, o sistema de transportes da Grande Londres esteja a funcionar a 70% da capacidade total. Além disso, serão reabertas 37 estações de Metro que foram encerradas.
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