Num tweet publicado este domingo, Javad Zarif, ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, lembrou que, «há um ano», o general iraniano Qassem Soleimani, comandante da Força Quds da Guarda da Revolução Islâmica e figura de reconhecido prestígio na luta contra a Al-Qaeda e o Daesh no Médio Oriente, «foi assassinado de forma cobarde pelo chefe dos terroristas», numa clara alusão ao ainda presidente norte-americano, Donald Trump.
Zarif afirmou ainda que quem mais beneficiou com a situação foi o Daesh, que depois da morte de Soleimani aumentou a sua actividade, deixando implícito o reconhecimento generalizado no Médio Oriente e nos países do eixo da resistência de que o alto oficial iraniano desempenhou um papel de destaque na luta contra o Daesh no Iraque e na Síria – nomeadamente nas províncias de Homs, Deir ez-Zor e Alepo – e ficou conhecido pelo papel decisivo que teve na Batalha de Alepo, que haveria de culminar com a libertação da cidade, em Dezembro de 2016.
O general Qassem Soleimani foi assassinado, a 3 de Janeiro de 2020, num ataque com drones decretado pelo presidente dos Estados Unidos, nas imediações do aeroporto internacional de Bagdade, capital do Iraque.
A agressão norte-americana provocou vários mortos na caravana em que Soleimani seguia, entre eles diversos elementos das Unidades de Mobilização Popular iraquianas (UMP; Hashd al-Shaabi, em árabe), incluindo o seu subcomandante, Abu Mahdi al-Muhandes.
Expulsar forças norte-americanas de território iraquiano
No âmbito de uma grande marcha ontem realizada em Bagdade para assinalar o primeiro aniversário do assassinato dos «mártires» decretado pelos EUA, Faleh al-Fayaz, máximo responsável das UMP, disse que «a vingança pelo assassinato dos comandantes da Resistência terá lugar com a implementação da resolução do Parlamento» iraquiano que exige a saída do país árabe dos militares norte-americanos, refere a HispanTV.
A «vontade nacional» ficou expressa na grande mobilização de ontem nas ruas da capital, defendeu o dirigente das Hashd al-Shaabi, que afirmou que os iraquianos irão continuar fiéis aos heróis da luta antiterrorista, sublinhou a necessidade de preservar a soberania e criticou a «normalização das relações» entre alguns países árabes e a entidade sionista.
Hezbollah e Ansarullah: o legado de Soleimani irá continuar
«O eixo de resistência usará as estratégias do mártir Soleimani em qualquer batalha futura, uma escolha que certamente conduzirá à vitória», disse este sábado vice-presidente do Conselho Executivo do movimento de resistência libanês Hezbollah à al-Manar.
Nabil Qaouq, que lembrou o serviço activo de quatro décadas do general Soleimani nos campos de batalha no Irão, no Afeganistão, na Síria, no Iraque e no Líbano, destacou ainda a sua importância na construção de um sistema de defesa tal em redor dos territórios ocupados que leva Israel a travar os seus movimentos e serve como «ameaça real» ao «regime de ocupação».
Também o movimento Huti Ansarullah, do Iémen, fez questão de homenagear a memória do militar iraniano, ao afirmar que o seu legado terá continuidade. Em declarações à cadeia de TV iemenita al-Masirah, Mohammed Abdul-Salam, disse que a vingança pela morte de Soleimani e al-Muhandes virá com a «expulsão das forças de ocupação dos EUA da região».
Tributo em Damasco
A Associação de Amizade Palestiniana-Iraniana promoveu a realização de uma cerimónia na capital síria em tributo ao general Soleimani. No evento, em que participaram cidadãos sírios, palestinianos, iranianos e iemenitas, bem como o embaixador do Irão na Síria, sublinhou-se que a frente de resistência continuará a lutar contra qualquer agressão e que o assassínio foi um sinal de fraqueza dos EUA, informa a PressTV.
Na ocasião, em que foram mostradas fotos do general iraniano em várias missões em território sírio e iraquiano, o vice-secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) revelou que o general Soleimani lhe disse que o único caminho para libertar a Palestina era a luta armada e a unidade nacional entre os palestinianos.
«Herói da luta anti-imperialista»
Numa mensagem publicada este domingo na sua conta de Twitter, Evo Morales, ex-presidente da Bolívia, afirmou que «a luta contra o imperialismo tem heróis e mártires no mundo, como o general Qassem Soleimani, assassinado há um ano».
Morales disse ainda que «os povos reconhecem a sua luta pela justiça e a defesa da soberania das nações que sofrem agressões externas».
Por seu lado, o governo da Venezuela emitiu um comunicado em que reitera o repúdio pela acção decretada pela administração norte-americana contra o então comandante da Força Quds da Guarda da Revolução Islâmica, e no qual louva o líder militar iraniano como um «exemplo de coragem, luta e firmeza» para a libertação dos territórios ocupados por forças estrangeiras e no combate aos grupos terroristas espalhados no Médio Oriente «pelas erráticas intervenções do Ocidente».
Acrescentou que o legado de Qassem Soleimani constituirá sempre uma fonte de inspiração para os povos que defendem a sua autodeterminação e lutam pela sua libertação face às «acções desumanas do imperialismo».
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