No debate das legislativas entre Rui Tavares do Livre e Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda (BE) , já perto do final, houve um ponto de convergência: a criação de mais um bloco político-militar. Se, por um lado, o BE diz ser pela dissolução da NATO e até invoca a Constituição da República Portuguesa (CRP) para o defender, por outro, não hesita em defender a criação de um exército europeu, ou seja, um outro bloco político-militar que contraria directamente a CRP.
Da parte do Livre, outra coisa não se esperava, dada a sua matriz «europeísta», mas que é somente uma capa para o aprofundamento dos pilares que regem o projecto europeu: o mesmo que visa a retirada de soberania dos países e está montado para satisfazer os interesses das principais potências.
Em suma, estão ambos a defender o reforço do belicismo, da linha de continuidade da política externa europeia, neste contexto e não noutro, da instigação de conflitos, da confrontação e da provocação. Tudo isto, mediante interesses de manutenção de uma determinada hegemonia económica que, tal como a história indica, não é compaginável com a paz.
Para que nada lhes falte, Von der Leyen anunciou hoje uma suposta estratégia de defesa com um orçamento de 1,5 mil milhões de euros que visa incentivar a competitividade da indústria de “defesa” e a prontidão de resposta da União Europeia nesta área. Quer isto dizer que a presidente da Comissão Europeia assume os passos dados na criação de um exército comum europeu.
A ideia de Von der Leyen enquadra-se na prometida Estratégia Industrial de Defesa e a proposta passa por criar um Programa Europeu para a Indústria de Defesa. Faz quase lembrar o que chegou a ser defendido por Marisa Matias, quando a mesma disse que não via com maus olhos se a venda de armamento fosse por via da UE.
É certo que a proposta que está em cima da mesa ainda não passa disso mesmo, já que vai a Conselho Europeu e tem que ser aprovada por unanimidade, mas a estratégia de reforço armamentista é um primeiro passo para a criação do que o Livre e Bloco de Esquerda tanto querem.
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