O também presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos disse esta segunda-feira, no Palácio Federal Legislativo, em Caracas, que as provas recolhidas sobre a violência promovida pela oposição venezuelana se baseiam em testemunhos, entrevistas, investigações e denúncias.
Sublinhou, para além disso, que «um número importante das denúncias» apontam «funcionários eleitos como responsáveis pela promoção ou geração da violência», acrescentando que «algumas das provas reunidas pela Comissão apontam directamente para o deputado Freddy Guevara», por «ter participado na criação de todos estes episódios de violência», disse Devoe numa exposição realizada na Assembleia Nacional Constituinte (ANC).
Na sexta-feira, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (STJ) decidiu solicitar à ANC o levantamento da imunidade parlamentar a Guevara, bem como a proibição de sair do país, acusando-o de crimes como associação e instigação pública criminosa continuada, e utilização de adolescentes para a prática do crime, informa a AVN.
«Diosdado Cabello: Guevara empurrou jovens para a violência, o terrorismo e a morte, agora foge, deixa-os sozinhos, não dá a cara»
Guevara, membro da Assembleia Nacional – instância em situação de desobediência para com o poder judicial – e militante do partido de extrema-direita Voluntad Popular, integrou o grupo de figuras venezuelanas que fizeram uma intensa campanha junto de instituições internacionais a solicitar uma intervenção estrangeira no país, o bloqueio económico e a formação de um governo paralelo.
Para além disso, apareceu múltiplas vezes junto aos chamados «grupos de choque», incentivando as suas acções de vandalismo e a sua «luta» contra as forças policiais.
Na sequência do pedido de levantamento de imunidade parlamentar, Freddy Guevara fugiu para a Embaixada do Chile em Caracas – que já o abrigou oficialmente –, facto que lhe mereceu a caracterização de «cobarde» por parte de Diosdado Cabello, do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV): «O cobarde do Freddy Guevara empurrou jovens para a violência, o terrorismo e a morte, agora foge, deixa-os sozinhos, não dá a cara.»
4439 acções violentas e 121 mortos entre Abril e Julho
Na exposição que ontem realizou na ANC, Devoe apresentou dados do relatório elaborado pela Covejuspaz até ao momento. Assim, precisou que, «na sequência da activação do plano da oposição venezuelana contra a paz e a estabilidade do país», entre Abril e Julho deste ano se registaram 4439 acções violentas.
No âmbito dessas acções, nesse período, 121 pessoas foram mortas e 1958 pessoas ficaram feridas, 829 das quais são funcionários das forças de segurança do Estado – e, destas, 73 foram feridos com armas de fogo, o que, por si só, «mostra a violência que foi utilizada contra as forças públicas».
«No âmbito dessas acções violentas, 121 pessoas foram mortas e 1958 pessoas ficaram feridas»
Devoe afirmou que a violência da oposição esteve na origem de 917 ataques contra estabelecimentos comerciais e privados, e de 913 ataques contra instituições públicas, «tendo sido agredidas pelo menos dez escolas» e oito centros de saúde.
O relatório inclui ainda: centros de recolha de alimentos queimados, 166 unidades de transporte destruídas, 12 estações do Metro de Caracas vandalizadas, 30 ataques ao Sistema Eléctrico Nacional e outros 300 contra órgãos públicos.
«Eram todos pagos»
Devoe explicou que, em dois meses e meio de funcionamento da Covejuspaz, foram entrevistadas 178 vítimas directas e indirectas, 71 das quais são familiares de pessoas que faleceram, 85 são feridos e 22 são pessoas cujos bens foram atingidos, indica a AVN.
Sublinhou ainda o facto de pelo menos 14 jovens que participaram activamente nos quatro meses de violência também terem sido entrevistados, tratando-se de pessoas que decidiram dirigir-se à Comissão «para contribuir, para contar a verdade, para que se faça justiça».
Um elemento comum às conversas com esses jovens é o facto de todos afirmarem que «foram contactados através de amigos ou mesmo de familiares para se integrarem nas actividades violentas». Todos disseram que «eram pagos por participar nessas acções de violência» – recebiam entre 50 mil e 60 mil bolívares por dia.
O pagamento podia chegar a 80 mil ou 100 mil bolívares se a vítima ficasse ferida, acrescentou Devoe.
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