A manifestação, que percorreu a zona central da cidade de São Paulo, juntou trabalhadores do Metro, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), no âmbito da campanha contra a privatização – promovida pelo governador Tarcísio de Freitas – destes serviços.
Com faixas, bandeiras e carro de som, os manifestantes reuniram-se frente à Secretaria de Transportes e à sede administrativa do Metro e da CPTM, menos de uma semana depois da greve de 24 horas realizada pelos funcionários das três empresas.
Uma das reivindicações é a anulação do processo que visa concessionar os serviços de atendimento no Metro. Para esse efeito, na sexta-feira passada, o Sindicato dos Metroviários conseguiu obter uma decisão judicial provisória do Tribunal Regional do Trabalho que suspendia o edital de licitação.
No entanto, já nesta segunda, a empresa estatal conseguiu «um mandado de segurança que garante a realização do pregão», embora os seus efeitos só possam ser efectivados após o processo julgado, refere o Brasil de Fato.
«No Rio de Janeiro, privatizaram o serviço de águas, o pessoal estava tomando água que nem tratada era»
«A intenção do Metrô é muito nítida», critica o sindicato, em nota: «substituir empregados públicos concursados por trabalhadores contratados por uma empresa terceirizada.»
«A gente está aqui para fazer essa pressão. Não queremos que se terceirize o serviço do metrô e nós não queremos que se privatize nem metrô, nem CPTM, nem Sabesp», sublinhou a presidente do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa.
Já Valdenora Pereira, trabalhadora do Metro há 35 anos, destacou que o processo de privatização vai «na contramão das necessidades da população». «No Rio de Janeiro, [onde] privatizaram o serviço de águas, o pessoal estava tomando água que nem tratada era. Está tendo um retrocesso no Brasil», defendeu.
Privatização «vai ser danosa para toda a população»
Por seu lado, Abdon Sousa, trabalhador da Sabesp, referiu-se às actuais tarifas sociais da companhia, que ele acredita que vão deixar de existir. Em seu entender, a privatização «vai ser danosa para toda a população, principalmente a de baixa renda».
«A conta vai aumentar, essas tarifas vão desaparecer, vai comprometer o abastecimento, precarizar o serviço e haverá uma demissão [um despedimento] em massa dos trabalhadores da Sabesp que gozam de um conhecimento técnico muito importante», afirmou Abdon.
Ainda sem datas marcadas, estão a ser ponderadas novas greves contra as privatizações. Além disso, a campanha promove um plebiscito popular sobre a questão, que continuará a ser feito, com urnas itinerantes, nas estações até 5 de Novembro. Os trabalhadores exigem que o governo liderado por Tarcísio faça essa consulta formal à população.
«O governador não criou, até agora, um canal de diálogo com o trabalhador. Também não anunciou um plebiscito», comentou Marcelo Moreira, trabalhador da CPTM há 25 anos.
«Porque tem muita gente que votou no Tarcísio e é contra essa entrega dos serviços para empresas privadas. Essa greve foi importante porque levou o conhecimento do que está acontecendo para as pessoas, para a região metropolitana, as periferias», frisou.
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