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«Uma provocação»: central uruguaia condena repressão sobre trabalhadores do mar

Em comunicado, a PIT-CNT sublinha que «a manifestação pacífica é um direito fundamental» e condena de modo enfático a repressão policial contra trabalhadores da pesca em Montevideu.

Créditos / PIT-CNT

Sobre a «repressão levada a cabo pelo governo» uruguaio na passada quarta-feira, a central sindical PIT-CNT (Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores) refere que vários trabalhadores ficaram feridos como resultado do uso de balas de borracha e chumbos, entre os quais um trabalhador da imprensa e um membro do Secretariado Executivo da organização sindical.

«A violenta resposta do governo às legítimas reivindicações dos trabalhadores é inaceitável e atenta contra as liberdades democráticas», lê-se num comunicado em que a PIT-CNT exige uma resposta pública do executivo neoliberal uruguaio face a uma «situação de repressão injustificada, desproporcionada e carente por completo de profissionalismo por parte das forças públicas».

Convocados por diversos sindicatos, os trabalhadores da pesca mobilizaram-se frente ao Ministério do Trabalho para exigir negociação colectiva e a possibilidade de voltar à faina, uma vez que, nalguns casos, estão há meses sem trabalhar – sem subsídio de desemprego ou cobertura médica – devido a um bloqueio patronal da indústria.

«Uma provocação»

Para Marcelo Abdala, presidente da PIT-CNT, a repressão sobre os trabalhadores do mar foi «uma provocação absolutamente injustificada».

PIT-CNT

Toda a operação, o dispositivo montado e a forma de actuar da Polícia «foi injustificada e devo sublinhar que parece mais uma provocação que outra coisa», disse Abdala em declarações ao portal da estrutura sindical.

Por seu lado, o secretário do Centro de Maquinistas Navais (CMN), Facundo Montaña, disse que a repressão exercida sobre os trabalhadores e representantes de diversos sindicatos que ali se deslocaram para apoiar as suas reivindicações foi um episódio «lamentável e grave».

Montaña explicou que os trabalhadores estão cansados de adiamentos, uma vez que não têm soluções para os seus problemas há seis meses, acrescentando que alguns apenas conseguem sobreviver com aquilo que os sindicatos lhes destinam dos próprios fundos, «para que possam levar um prato de comida às suas famílias».

Neste sentido, Montaña considerou que a situação é «dramática» e que deveria ser encontrada uma solução de imediato. Em seu entender, se os actuais empresários da pesca mantêm o bloqueio, o governo tem de intervir e «licitar novas autorizações de pesca».

«Nós somos reféns e vamos continuar a mobilizar-nos até que alguém nos dê uma resposta», disse, frisando que «assim não se aguenta» e que «todos os dias os trabalhadores sofrem a outra violência, a de ir para casa e não ter com quê para comprar comida às suas famílias». «Essa é a pior violência de todas», destacou.

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