Em dia de greve parcial convocada pelo Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores (PIT-CNT), centenas de pessoas espalharam-se pela Avenida Libertador adiante, frente ao Palácio Legislativo, em Montevideu, em protesto contra o projecto de Lei de Urgente Consideração (LUC), promovido pelo governo de Luis Lacalle Pou e que já foi aprovado no Senado.
Marcelo Abdala, secretário-geral do PIT-CNT, afirmou esta quinta-feira que a LUC não dá resposta «aos problemas actuais do povo» e «não está à altura das necessidades das grandes maiorias populares», além de pôr em causa as liberdades individuais e o direito à greve.
Acompanhado no estrado por representantes de várias organizações, Abdala falou para centenas de trabalhadores com máscaras na cara e em pé nos lugares que haviam sido pintados no chão. O sindicalista acusou o governo uruguaio, de direita, de «abusar ao declarar [a lei como] urgente», quando regulamenta «matérias carentes de urgência» e não «ataca os efeitos sociais da crise». «Perguntamos então o que é urgente num contexto de emergência sanitária?», questionou.
Numa jornada de luta que decorreu sob o lema «A emergência são as pessoas», Abdala sublinhou que «o maior esforço do país tem de estar ao serviço da criação de emprego» e da luta contra a desigualdade, referem a Prensa Latina e a TeleSur.
«Estamos perante uma crise sanitária, social e económica de novo tipo, que necessita de soluções imediatas de novo tipo», afirmou o dirigente sindical ao referir-se aos impactos socioeconómicos da emergência sanitária.
Neste contexto, lembrou que no Uruguai há actualmente 200 mil trabalhadores com subsídio de desemprego, 75 mil a receber baixa e que 400 mil não têm qualquer apoio por não estarem inscritos da Segurança Social. «No nosso país, a Universidade da República estima que, se não forem tomadas medidas adicionais urgentes, más de 100 mil compatriotas serão atirados para a pobreza», disse.
A propósito dos propalados «ajustes salariais», Abdala sublinhou que «é fundamental proteger os rendimentos e os salários» dos trabalhadores, os pequenos empresários – «cujos interesses estão objectivamente muito mais perto da enorme classe trabalhadora do que da enorme riqueza acumulada» – e, sobretudo, os sectores mais desfavorecidos, num momento em que inflação atinge os 11%.
Neste sentido, advogou o «controlo de preços e bens de primeira necessidade a preços acessíveis», e defendeu que cada família tenha um rendimento básico de emergência por um período de três meses, equivalente ao salário mínimo nacional, para que «nenhum uruguaio fique sem apoio», informa El Observador.
«Habituarmo-nos ao desamparo não pode ser o caminho. O Estado tem de dar a resposta», frisou.
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