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Venezuela acusa Espanha de intervencionismo e práticas «anti-diplomáticas»

A diplomacia venezuelana denunciou o intervencionismo do governo espanhol e em especial o papel do embaixador na fuga do golpista Leopoldo López, acusando-o de violar a Convenção de Viena.

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Créditos / HispanTV

Num comunicado emitido este domingo, o Ministério venezuelano dos Negócios Estrangeiros afirma que a Embaixada espanhola em Caracas apoia há vários anos acções conspirativas e lembra que, depois de o embaixador Jesús Silva ter sido expulso, em Janeiro de 2018 – «como consequência de reiteradas intromissões nos assuntos internos» do país sul-americano –, se chegou a acordo com as autoridades espanholas com vista ao seu regresso, nesse mesmo ano, «sob um renovado compromisso de respeito pelas leis venezuelanas e internacionais», que não cumpriu.

«Muito pelo contrário, a prática diplomática enviesada do representante espanhol tornou-se ainda mais notória, ao ponto de abrigar sob uma figura inexistente e anti-jurídica, na sua própria residência, um foragido condenado pela Justiça venezuelana, responsável, entre outros crimes, pela morte e ferimentos de centenas de venezuelanos no ano de 2014», indica o texto.

O Ministério destaca que, pese embora todos os compromissos assumidos pela Embaixada espanhola em Caracas de evitar a acção política do dirigente oposicionista Leopoldo López, o diplomata permitiu por diversas vezes o planeamento, dentro dessa sede, de actividades contra o governo venezuelano, dando como exemplo disso a organização da operação Gedeon, «acção terrorista com participação de mercenários norte-americanos» cujo objectivo principal era assassinar o presidente Nicolás Maduro.

«Como corolário de tão grotesca, descarada e grosseira violação integral da Convenção de Viena [sobre Relações Diplomáticas], hoje é inteiramente verificável que o chefe da missão diplomática espanhola na Venezuela assumiu o papel de principal organizador e cúmplice confesso da anunciada fuga de território venezuelano do delinquente Leopoldo López», lê-se no comunicado, que sublinha tratar-se de uma «acção inaceitável e incompreensível no quadro da relação bilateral histórica entre os dois países».


O documento afirma que, deste modo, Espanha não só «participa activamente na fuga ilegal de um perigoso delinquente», como «decide recebê-lo no seu território», sem ligar a leis internacionais, a leis migratórias espanholas e a acordos bilaterais em matéria de justiça.

A Venezuela, refere o comunicado, considera estes factos «anti-diplomáticos» e «hostis», que merecerão ser estudados nas instituições dedicadas à formação diplomática no mundo, e «próprios de uma diplomacia impregnada de anacrónicas reminiscências colonialistas».

O Estado venezuelano irá cumprir a obrigação constitucional de realizar as investigações necessárias e atribuir as responsabilidades e sanções correspondentes, segundo os crimes cometidos, refere ainda a nota.

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