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|Venezuela

Venezuela: a bem da democracia quiseram que as sondagens substituíssem votos

A campanha montada em torno da Venezuela não é nova e, mais uma vez, os veículos de massificação de falsidades foram colocados a engrenar. Como escreveu Agostinho Lopes no Expresso, «até que enfim! As sondagens acertam, os resultados falham!».

Na linguagem coloquial do futebol, em jeito de piada, mas também de modo a precaver um palpite errado, costuma-se dizer que «prognósticos só no fim do jogo». A frase é muito repetida, mas ainda há quem não retire as conclusões necessárias. Agostinho Lopes, militante do PCP, escreveu hoje para o Expresso sobre a Venezuela e parece que confirma esta tese.

Sobre os resultados eleitorais, com pouco mais de uma dezena de parágrafos, Agostinho Lopes desmonta o desconsolo de muitos de não verem materializados  em realidade por mera vontade ou capricho e colocou a  nu a aparente confusão que existe na comunicação social. É que um dos grandes argumentos para os resultados eleitorais das eleições presidenciais na Venezuela serem colocados em causa é o facto de (veja-se!) os mesmos não baterem certos com as sondagens. 

Agostinho Lopes ironiza. Dando o exemplo das últimas legislativas na França e dos vários actos eleitorais cá em Portugal, o militante do PCP constata que vários foram os painéis de análise a comentário a discutir o facto das sondagens e estudos de opinião estarem sempre a falhar, mas eis que quando chega à Venezuela as sondagens são soberanas e se não correspondem à realidade é porque há coisa. Como o próprio diz, até parece que os estudos acertam sempre. 

A crítica temperada com sarcasmo podia ficar por aqui, mas eis que Agostinho Lopes, sabendo que sem exemplos concretos o texto configurar-se-ia em mero criticismo, começou a citar o que vários órgãos de comunicação social escreveram e reproduziram. Do Público ao Expresso, tanto donos de empresas de sondagens como professores universitários tiveram espaço, sendo que foi sempre na linha de antecipar uma vitória de González Urrutia como vencedor. Caso a opinião fosse a contrária, o véu da desconfiança era levantado e a adjectivação negativa colocada em prática para a descredibilização das opiniões contrárias. 

A noite das eleições também mereceu atenção. Quando o anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral não correspondeu ao vaticinado, «os resultados estavam errados, erradíssimos, nem nos limites de erro das sondagens cabiam», escreveu o militante do PCP. Chegou ao ponto, como o próprio escreveu, do Professor Santos Silva, ex-Presidente da Assembleia da República e ex-Ministro PS, achar normal o sucedido porque, para si, Maduro «é um especialista em virar resultados», mesmo quando o ex-Primeiro Ministro Espanhol, José Luis Zapatero, diz que as eleições decorreram com toda a normalidade democrática. 

Depois da narrativa ter saído furada, chegou a altura das manifestações. Como, mais uma vez, Agostinho Lopes apontou, só houve espaço noticioso para as manifestações da «oposição», chegando quase a ser vendida a mentira que só essas é que aconteciam. A violência e os actos de vandalismo, ao contrário de outros casos, não era censurada ou criticada, mas tida como reveladora da «crise» de um «regime».

Vale tudo para dizer que as sondagens é que estavam certas e que os resultados é que estão errados. Agostinho Lopes deu mais exemplos. Num texto do Público intitulado «Como funciona o sistema que dá a vitória com mais de 66% à oposição», um investigador brasileiro que conduziu uma das sondagens disse: «o nosso papel não é dizer se o que foi divulgado pelo CNE aconteceu ou não,o nosso trabalho é estabelecer uma estimativa o mais apurada possível dos votos, e que difere do que foi divulgado pelo CNE, mas não queremos fazer qualquer tipo de alegação do que pode ou não ter acontecido com os dados oficiais da Venezuela». Apesar desta declaração, o autor do artigo optou por não a utilizar para a conclusão na medida em que isso contraria o imposto pelos centros de decisão. 

Recomenda-se a leitura do artigo de Agostinho Lopes. Na ausência de uma antiga página chamada «Truques da Imprensa Portuguesa», o texto publicado no Expresso faz o seu trabalho. O povo sabiamente diz que as notícias correm depressa. Os órgãos de comunicação social dominantes são capazes de dizer que as mentiras correm ainda mais. 
 

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