Depois de, na segunda-feira, ter mantido um encontro com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e ontem se ter reunido com uma representação do Movimento dos Países Não Alinhados (MPNA), Jorge Arreaza destacou as expressões de solidaridade recebidas, tendo agradecido o apoio de inúmeros países do MPNA à Venezuela e a sua rejeição das «ameaças de uso da força contra uma nação soberana».
Numa conferência de imprensa que deu esta terça-feira na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, o diplomata venezuelano sublinhou que Caracas aposta no reforço da cooperação com as Nações Unidas e do «multilateralismo», e reiterou a denúncia da acção de Washington, «que o que mais faz é ameaçar, instigar os militares venezuelanos à sublevação e procura intimidar o povo com uma invasão», revela a Prensa Latina.
Sobre o projecto de resolução que os EUA se preparam para apresentar no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) para justificar uma eventual intervenção militar na Venezuela, Arreaza não se mostrou muito preocupado, na medida em que «não tem viabilidade alguma».
Recorde-se que a Rússia, um dos países com assento permanente no CSNU e, por isso, com direito de veto, já anunciou o chumbo a qualquer proposta que defenda a ingerência nos assuntos internos da Venezuela.
No entanto, Washington joga em todos os campos e a administração norte-americana já deixou claro, pela voz do seu conselheiro nacional de Segurança, John Bolton, que não hesitará em recorrer a todo o seu poder contra a Venezuela, alertou.
«Isto não é mais do que o unilateralismo na sua máxima expressão», disse, tendo recordado que Washington tentou promover – por todas as vias possíveis – um golpe (às claras) contra o Governo legítimo de Caracas. Apesar disso, sublinhou: «Nós continuaremos a insistir em todos os meios diplomáticos para garantir a paz.»
«Na Venezuela não há uma crise humanitária»
«Na Venezuela não há uma crise humanitária, há uma economia bloqueada e assediada, e isto provocou-nos grandes perdas», lamentou, acrescentando: «Já basta de tanta mentira!»
A este propósito, Arreaza chamou a atenção para as verdadeiras intenções da administração de Trump quando fala de «ajuda humanitária» ao seu país. «Como vamos confiar em quem [nos] impõe sanções e bloqueia activos do povo venezuelano?», perguntou o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, tendo lembrado que a própria Cruz Vermelha Internacional na Colômbia se recusou a participar «nesse show mediático», ao considerá-lo politizado e sem neutralidade.
Arreaza lamentou ainda que a União Europeia e as suas instituições se tenham posto ao lado dos Estados Unidos e tenham «cometido o erro» de reconhecer o deputado Juan Guaidó como «presidente interino» de «um governo autoproclamado numa praça, sem qualquer autoridade que lhe confira validade», informa a VTV, que refere o agradecimento do diplomata aos países europeus que não aderiram à ingerência.
Firmeza da FANB e apelo constante ao diálogo
Apesar participação aberta dos EUA na organização, promoção e financiamento da agressão à Venezuela, a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) manteve-se «firme na defesa da Constituição», destacou Jorge Arreaza, que sublinhou igualmente os apelos reiterados ao diálogo por parte do presidente da República, Nicolás Maduro.
«O que queremos é que a oposição venezuelana se torne independente dos Estados Unidos; [é] uma descolonização necessária, e estamos à espera de que se dignem, em prol da paz no seu país, a sentar-se [à mesa]. Defendemos que os povos do mundo e os seus governos devem reagir e evitar uma guerra», frisou.
«Governo britânico cada dia mais parecido com o de Trump»
Também ontem, Jorge Arreaza recorreu ao Twitter para afirmar que o governo britânico se parece cada vez mais com a administração norte-americana.
Revelando que o Reino Unido anunciou a entrega ao seu país de 6,5 milhões de libras [7,4 milhões de euros] em «ajuda humanitária», o ministro venezuelano dos Negócios Estrangeiros sublinhou que o fazem «menos de sete dias depois de terem roubado ao povo venezuelano reservas em ouro num valor superior a 1200 milhões de dólares» [cerca de 1000 milhões de euros].
Recorde-se que o Banco de Inglaterra tem retidas pelo menos 31 toneladas de ouro pertencente à Venezuela, avaliado aproximadamente em 1200 milhões de dólares, que se recusou a devolver à Venezuela, lembra a VTV.
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