Venezuela repudia nova ingerência dos EUA

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Delcy Rodríguez, repudiou, ontem, as declarações «ingerencistas» proferidas pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre assuntos internos do país.

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Delcy Rodríguez, criticou os EUA por quererem «dar ordens» ao país sul-americano
CréditosTeleSur

Na sua conta de Twitter, a chefe da diplomacia venezuelana afirmou que o país sul-americano «repudia a insolência e teor ingerencistas das declarações do vice-presidente» dos EUA e exigiu ao «Governo do Presidente Barack Obama que cinja a sua actuação às normas do Direito Internacional Público e respeite a Venezuela».

A reacção da mandatária venezuelana surge na sequência das declarações proferidas ontem pelo vice-presidente norte-americano, Joe Biden, durante a XX Conferência Anual do Banco de Desenvolvimento da América Latina (conhecido como CAF).

Biden acusou o Executivo de Nicolás Maduro de aplicar «tácticas repressivas que violam a sua própria Constituição e que violam a Carta Democrática Interamericana». Referiu-se, nomeadamente, à alegada «repressão» sofrida pelos opositores ao Governo nas manifestações de há uma semana a favor de um referendo para a revogação do presidente Nicolás Maduro, informam a TeleSur e a Prensa Latina.

Nesse dia, 1 de Setembro, milhares de opositores a Nicolás Maduro manifestaram-se sem problemas nas ruas de Caracas. Uma manifestação bastante maior, que encheu a Avenida Bolívar, também na capital, de gente defensora da paz e das políticas do Governo, também decorreu sem problemas.

O vice-presidente dos EUA defendeu que as vozes dos que pedem um referendo revogatório na Venezuela «não devem ser ignoradas» e exigiu a libertação dos «presos políticos», bem como a realização de um referendo ainda este ano.

Biden referia-se ao caso de Leopoldo López, cabecilha do plano golpista «La Salida», que abalou Caracas e outras zonas do país através de acções violentas, em 2014, provocando 43 mortos e mais de 800 feridos.

Sobre o referendo para a revogação do presidente, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela já explicou que, se a oposição tivesse iniciado o processo em Janeiro, teria sido possível celebrá-lo este ano.

Apesar de todas as pressões da direita, a nível nacional e internacional, o CNE mantém o calendário previsto desde Agosto: a data para a segunda etapa (recolha das assinaturas de 20% do eleitorado a favor do processo contra Maduro) terá lugar de 24 a 30 de Outubro.

Perante as declarações de Biden, Delcy Rodríguez disse que o Governo norte-americano «ofende e agride o povo da Venezuela, República independente e soberana», com as suas pretensões de mandar e dar ordens.

Por último, acusou Biden de instigar «factores violentos e extremos» no seio da oposição venezuelana, para que esta leve a cabo acções de desestabilização e perturbadoras da paz no país sul-americano.

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