Durante a marcha de apoio aos Comités Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), que ontem reuniu muitos milhares de venezuelanos na capital do país, o primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, insistiu na denúncia das «tácticas genocidas» aplicadas pelos EUA contra a Venezuela.
«O povo da Venezuela ergueu mais uma vez a voz contra as tácticas genocidas dos Estados Unidos, que pretendem tirar ao povo venezuelano o acesso aos alimentos através dos CLAP», afirmou Cabello. «Os Estados Unidos aplicam tácticas genocidas para conduzir o povo ao desânimo, à violência, à rendição por via da fome; [mas] o nosso povo entendeu que não vai cair na provocação dos EUA», insistiu o dirigente político chavista, citado pela AVN, no decorrer da mobilização, ontem à tarde.
Neste sentido, o também presidente da Assembleia Nacional Constituinte destacou que «consciência e unidade máxima são dois elementos importantes para defender a entrega de alimentos através dos CLAP, face às ameaças e agressões da direita».
No final de uma marcha em que o povo chavista voltou a encher as ruas de Caracas, respondendo «sim» à convocatória feita pelo PSUV para denunciar as medidas unilaterais impostas pelos EUA contra a soberania alimentar do país sul-americano, Diosdado Cabello sublinhou a «hipocrisia da administração norte-americana», que «exerce um bloqueio para que não possam entrar alimentos na Venezuela, impõe sanções a organismos e empresas que podem ajudar a fazer entrar alimentos e medicamentos na Venezuela, e, depois, diz que há uma crise humanitária no país».
Pese embora os ataques, a Revolução Bolivariana está-se «a reinventar e a organizar», de modo a garantir os direitos dos venezuelanos, afirmou Cabello, que destacou «o esforço e a dedicação» do povo no que respeita à produção de alimentos, e agradeceu às «vozes que, pelo mundo fora, se fazem ouvir em solidariedade com a Revolução Bolivariana».
Cabello criticou a atitude de alguns sectores de oposição na Assembleia Nacional – órgão que se encontra em situação de desobediência jurídica, desde 2016, perante o Supremo Tribunal de Justiça –, que «se alegram quando [as caixas d]os CLAP não chegam ao povo».
A este propósito, disse que a «oposição está muito dividida» e, por isso, «não tem liderança para estar ao serviço do povo», tendo ainda lembrado ao presidente norte-americano que, «se quiser dialogar com base num princípio de respeito, deve fazê-lo com o chefe de Estado da Venezuela, Nicolás Maduro».
Defender os CLAP e a soberania, contra os bloqueios de Trump
Milhares de trabalhadores, estudantes, pensionistas vincaram, este sábado, o seu apoio aos Comités Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), que também são alvo do assédio norte-americano.
Esta semana, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jorge Arreaza, escreveu no Twitter que «o bloqueio ilegal da administração Trump é tão perverso que pretende afectar as capacidades e a distribuição dos CLAP, uma política essencial para o povo venezuelano». Também criticou a «oposição golpista», por «aplaudir estas medidas contra o seu próprio povo».
No mês passado, o chefe nacional dos CLAP, Freddy Bernal, disse que a administração norte-americana impôs sanções a dez das 12 transportadoras marítimas que traziam alimentos para a Venezuela – na sua maioria provenientes do México.
Como consequência dessa medida, os artigos chegam à Venezuela com atrasos. «Aquilo que demorava um mês a chegar agora demora três meses», denunciou Bernal, sublinhando que as medidas coercitivas impostas pela administração de Donald Trump afectam a vida quotidiana de todos os venezuelanos.
O programa estatal de distribuição de alimentos subsidiados através dos CLAP abrange mais de sete milhões de famílias em todo o território venezuelano. Concebido em Março de 2016 para ajudar o povo venezuelano a resistir às consequências da guerra económica, o programa tem sido «eficaz», na medida em que – sublinha a TeleSur – tem combatido fenómenos como a revenda, a especulação, o açambarcamento e o contrabando de bens de primeira necessidade.
«Se não fossem os CLAP, milhões de famílias estariam [a enfrentar] uma crise insustentável, devido às sanções impostas pelos Estados Unidos», sublinhou Bernal.
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