Rui Moreira, que há uns meses afirmou que a taxa de dormidas seria assunto para debater na campanha eleitoral e para decidir pelos órgãos que serão eleitos a 1 de Outubro, antecipou a questão e quer levá-la à reunião do Executivo da próxima terça-feira, sem detalhar os termos concretos e o objectivo da proposta.
Numa entrevista dada esta semana à Renascença, revelou no entanto que a proposta do vereador do Comércio e do Turismo, pelo CDS-PP, Manuel Aranha, prevê um custo de dois euros por noite.
Perante a possibilidade de esta taxa fragilizar o sector do turismo da região, Rui Moreira disse ter «muita dificuldade em perceber como é que um turista, que hoje vem ao porto e paga 60 ou 70 euros por noite – valor médio – não está disponível para pagar dois euros de taxa.»
A galinha dos ovos de ouro... sobreviveu
Foi em 2014 que os então ministro da Economia, Pires de Lima, e vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, ambos do CDS-PP, criticaram a introdução de uma taxa turística pelo município de Lisboa. Pires de Lima salientava a «tentação», por parte do PS, de criar «taxas e taxinhas», enquanto Paulo Portas alertava para que não se matasse «a galinha dos ovos de ouro».
Volvido este tempo, pelo menos alguns centristas parecem estar rendidos à taxa sobre as dormidas dos turistas, tendo avançado com a proposta em municípios onde integram a coligação governante, como são os casos de Cascais e do Porto.
Proposta não defende os moradores
Relativamente à taxa proposta pela Câmara do Porto, a CDU afirma que esta serve para Rui Moreira «tentar esconder os problemas reais que o crescimento caótico do turismo está a criar e que, como presidente da câmara municipal, não soube, não quis resolver e contribuiu para agravar», e dá exemplos.
«O papel da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), na colocação no mercado de fogos destinados ao turismo, e da própria câmara, que mantém dezenas de fogos devolutos no centro histórico», afirma.
A CDU sugere ainda que, em vez deste «truque eleitoral», Rui Moreira deveria propor um plano de intervenção municipal para defender os moradores que são vítimas da especulação imobiliária, «pressionados a abandonar as zonas que mais interessam a certas actividades turísticas», bem como os serviços e equipamentos sociais, associações e colectividades populares. Neste âmbito, refere a situação do Centro Social de Miragaia, que ameaça encerrar «perante a passividade» da autarquia.
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