O município de Câmara de Lobos é um dos lugares onde as desigualdades mais se fazem sentir no arquipélago da Madeira, governado pelo PSD desde 1976, e em coligação com o CDS-PP desde 2019. Em pleno século XXI, milhares de pessoas continuam privadas do direito ao saneamento básico, convivendo com esgotos que correm a céu aberto, sujeitando-se a graves problemas de saúde.
A denúncia não é nova, mas voltou a surgir numa acção de campanha da CDU, esta terça-feira, com o cabeça de lista da coligação PCP-PEV às eleições regionais a alertar para o subdesenvolvimento nas zonas altas da Ilha e para a falta de investimento na rede de esgotos. No Garachico, por exemplo, as pessoas têm de fazer toda a descarga ou para a levada ou para os ribeiros.
Mas se existem milhares de pessoas sem acesso à rede de saneamento básico, realçou Edgar Silva à Lusa, «não é por falta de dinheiro», mas antes «porque os dinheiros públicos, os milhões que vieram da União Europeia, milhões e milhões do orçamento regional foram desviados para outras finalidades, deixando para trás urgências, prioridades quanto estas, [...] sentidas pelas populações destas ultraperiferias».
Por outro lado, salientou, este é um «sinal claro» das grandes desigualdades que marcam a região. «Lá em baixo, para os turistas no centro do Funchal, no centro de Câmara de Lobos, está tudo preparado, um cenário bonitinho para turista, mas aqui onde vivem as pessoas é o vómito pelos esgotos que correm», denunciou, acrescentando que «a grande maioria» dos partidos com assento parlamentar na Madeira tem outros interesses e está mais ligada aos grandes grupos económicos.
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