«Quem hoje lá passa não sabe ou nem se lembra da beleza deste espaço único e marcante desta cidade», lê-se no anúncio colocado na internet em 10 de Fevereiro.
Inaugurado a 20 de Julho de 1958, o Teatro de Portalegre acolheu a primeira peça de teatro do dramaturgo José Régio, que durante décadas leccionou no liceu da cidade. E foi também aqui que Amélia Rey Colaço se despediu dos palcos com a peça El-Rei Sebastião.
A história e a nobreza dos materiais, nomeadamente os frescos do tecto, não impediram a decadência e descaracterização do espaço, que já serviu de templo para a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e foi sede do Club Desportivo Portalegrense.
O Público revela que este património já tinha sido posto à venda em 2013 mas não teve comprador e acrescenta que, ao contrário do que diz o anúncio na plataforma de vendas online, a Câmara de Portalegre não tem programado nenhum projecto de remodelação ou recuperação das instalações do Teatro de Portalegre.
Ouvida pelo diário, a presidente da autarquia assume que não existem condições para assumir o ónus de reabilitar o imóvel, salientando que o «desejável será encontrar-se uma solução economicamente viável e que preserve a essência do edifício».
No final de 2009, a Direcção Regional de Cultura do Alentejo declarou que o edifício, um dos mais antigos de Portugal construído de raiz para a actividade teatral, não tinha valor nacional, não podendo portanto ser classificado como um bem de Interesse Nacional ou de Interesse Público. De seguida, o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) declarou-o «sem protecção legal».
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