A denúncia partiu do PCP, que este domingo exigiu a intervenção da Área Metropolitana do Porto (AMP) e das autarquias da região, devido à «redução para lá do aceitável» do serviço de transportes, num quadro de «profundas alterações e necessidades» devido à pandemia de Covid-19.
«As câmaras municipais e o Conselho Metropolitano do Porto não podem ignorar esta situação. Têm que intervir, assumindo as suas responsabilidades enquanto autoridades de transportes, e exigirem dos operadores a garantia de serviço, assegurando que o mesmo é feito em condições de higienização e de segurança para motoristas e para passageiros», lê-se num comunicado enviado à Lusa.
O PCP revela algumas situações relacionadas com reduções ou mesmo suspensões de horários e carreiras, tanto em transportes públicos como em empresas privadas, e divulga um testemunho de uma profissional de saúde do Hospital de Santo António, que se queixa de falta de condições para regressar a casa depois do trabalho.
«Sou assistente operacional no Centro Hospitalar do Porto, trabalho no serviço de infecciologia. Neste momento encontro-me na primeira linha [no tratamento de doentes de Covid-19], vivo em Avintes [Vila Nova de Gaia] e para me deslocar para o trabalho uso os transportes da MGC. Num momento tão difícil para todos nós, depois de fazer turnos de 12, e às vezes de 18 horas, tenho de ir a pé do trabalho para casa», refere a assistente operacional Tânia Leites, num vídeo publicado nas redes sociais.
Na sua nota, o PCP «exige intervenção para garantir serviço e condições de distanciamento social», recordando que o surto epidémico «tem provocado alterações profundas na vida das populações».
Os comunistas reconhecem que esta situação gerou quebra de procura, mas sublinham: «O País não parou. Continuam a funcionar inúmeros serviços essenciais e mantêm actividade várias empresas.»
Para o PCP, uma redução da oferta seria compreensível desde que «devidamente articulada com as autoridades de transportes e atempadamente divulgada». Neste quadro, critica o facto de os operadores privados se demitirem «por completo» da responsabilidade de garantir um serviço público de transportes, e desafia o Governo e as autarquias a encontrar soluções que «desbloqueiem os investimentos previstos, mas ainda não concretizados, e reforcem a capacidade operacional» da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP).
«O momento actual dá também razão e urgência à proposta do PCP de conversão da STCP em operador interno da AMP, reforçando e alargando a operação, substituindo progressivamente os operadores privados», recorda, aproveitando para propor «a ponderação da anulação do concurso público para a escolha dos operadores rodoviários para os próximos anos».
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