Quando foi construído, há mais de 20 anos (na altura, com o nome Hospital do Barlavento Algarvio), Portimão conquistava «a fama e os prémios» por ter um hospital «amigo do bebés», notabilizado pelas condições materiais e humanas que tinha nestas valências.
O alerta foi dado pelo grupo parlamentar do PCP, que questionou o Governo sobre a situação, sublinhando que «pode colocar em causa a integridade física e o direito à vida» de mães e bebés. Na nota que enviaram às redacções esta sexta-feira, os comunistas indicam que a equipa de urgência de ginecologia e obstetrícia do Hospital de Faro, que integra o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), «deveria ser constituída por, pelo menos, quatro médicos». No entanto, de acordo com informação chegada ao grupo parlamentar do PCP, «esse número mínimo de médicos não está a ser assegurado», refere a nota, dando como exemplo disso o facto de que, «no turno das 20h30 do dia 6 às 8h30 do dia 7 de Setembro, apenas se encontravam de serviço duas médicas especialistas de ginecologia e obstetrícia». «Tal circunstância pode colocar em causa a integridade física e o direito à vida das parturientes e dos nascituros», alertam os comunistas, que denunciam que, nos dias 6, 7 e 8 de Setembro, «devido à escassez de elementos médicos, apenas foram garantidos os serviços mínimos no Bloco de Partos do Hospital de Faro». Isto levou a que «todas as grávidas e todas as patologias obstétricas e ginecológicas do concelho de Albufeira fossem encaminhadas para o Bloco de Partos do Hospital de Portimão e que as grávidas de termo que se encontravam em situação de trabalho de parto na Maternidade de Faro, em condições de serem transferidas, fossem transferidas também para o Hospital de Portimão», lê-se na nota. «Estão são situações inaceitáveis, devendo o Governo agir, de forma diligente, para garantir que o Centro Hospitalar Universitário do Algarve é dotado de recursos humanos adequados ao seu normal funcionamento», defende o grupo parlamentar do PCP. Neste sentido, os deputados Paulo Sá e Carla Cruz questionaram o Executivo, através do Ministério da Saúde, com o intuito de saber a frequência com que se têm verificado estas situações e que medidas o Governo está a tomar para garantir um número adequado de elementos médicos nos blocos de partos dos hospitais de Faro e Portimão. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Nacional|
Bloco de Partos do Hospital de Faro tem carência de médicos
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A realidade agora é outra. A Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) anunciou recentemente a Operação Nascer em Segurança no SNS 2023, que envolve o encerramento de 13 maternidades em todo o país (Caldas da Rainha durante 4/5 meses; Hospital Santa Maria, em Lisboa, durante um ano; as restantes terão encerramentos diários, em dias a designar).
São obras que coincidem com «o encerramento da pediatria por falta de médicos».
«É um embuste», considera a Comissão de Utentes do SNS de Portimão, onde o hospital vai enfrentar encerramentos diários na maternidade e bloco de partos ao longo dos próximos meses. A pretexto de obras, já no passado, as urgências do Hospital de Portimão «sofreram constrangimentos, limitações e também planos de contingência», o que levou a que as urgências na cidade «nunca mais fossem as mesmas, com perda de capacidade de resposta».
As mulheres, as crianças e toda a população não podem ficar reduzidos a uma maternidade no Hospital de Faro, única instituição para mais de meio milhão de habitantes. Os utentes de Aljezur e Vila do Bispo, por exemplo, «ficariam a duas horas de distância, com os riscos e os custos que tal medida comportaria».
A Comissão de Utentes do SNS em Portimão vai realizar amanhã, dia 20 de Junho, pelas 18h, mais uma concentração junto ao seu hospital. «O ataque ao Serviço Nacional de Saúde continua», lamentam. Em comunicado enviado ao AbrilAbril, a Comissão de Utentes do SNS em Portimão lamenta o encerramento das urgências de ginecologia e obstectrícia nas últimas semanas, reflexo do «retrocesso» nos serviços de saúde prestados no Hospital de Portimão, integrado no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A Comissão de Utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) de Portimão convocou uma concentração para o próximo dia 14 de Janeiro, em frente ao hospital desta cidade algarvia, contra a «evidente degradação dos serviços». «O Hospital de Portimão deixou de ser um recurso confiável, para se tornar um motivo de preocupação e receio para os utentes que a ele recorrem», lê-se no comunicado enviado pela comissão. A par da falta de recursos materiais e humanos, os utentes salientam a indignação dos profissionais de saúde que trabalham no Hospital de Portimão e reforçam que «só a enorme entrega e resistência dos profissionais têm evitado males maiores». No texto denuncia-se a política do anterior Governo, que «quase destruiu o SNS», e exige-se a imediata resolução dos problemas verificados. No entender da Comissão de Utentes, só travando uma luta dos profissionais e dos utentes «ombro a ombro» se poderão evitar as situações vividas no Hospital de Portimão, que, alerta esta comissão, «põem em causa a vida e a integridade das pessoas». Frisam ainda que, apesar do pico da gripe e do aumento do turismo em virtude das festas de Natal e de Ano Novo, o «caos» nas urgências do Hospital de Portimão continua. A Comissão de Utentes reitera o compromisso de continuar a lutar com as populações e os profissionais de saúde, na defesa de um SNS eficiente, moderno, universal e gratuito. A concentração do próximo dia 14 está agendada para as 15h. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Após um período em que os utentes sentiram alguma (pouca) melhoria nos cuidados de saúde hospitalares em Portimão, nomeadamente entre 2015 e 2019, eis que a pandemia Covid-19 e as opções dos posteriores governos vieram marcar novo retrocesso». Sempre que é necessária uma intervenção mais especializada, «como uma urgência de ortopedia ou uma cirurgia de oftalmologia, os utentes sofrem da falta de médicos, falta de equipamento, indisponibilidades diversas». Esta realidade só demonstra o persistente desinvestimento no SNS, em benefício do «negócio da doença», ou seja, das empresas privadas, com milhões de lucros anuais. O caso dos serviços encerrados, consideram os utentes, é um sintoma do desinvestimento no sector da saúde pública. Ao mesmo tempo em que se assume a falta de dinheiro para aumentar salários e contratar mais trabalhadores, os pacientes são «conduzidos a consultas, exames, tratamentos e cirurgias em serviços de saúde privados que posteriormente serão» pagos, em valores inflacionados, pelo SNS. Quando o Hospital de Portimão foi construído, «granjeava pela fama e prémios que recebeu por ser um hospital amigo do bebés e pelas condições que tinha nestas valências». Hoje, fecham-se as urgências de ginecologia e obstectrícia. Na concentração, a realizar amanhã, dia 20 de Junho, pelas 18h, no Hospital de Portimão, os utentes vão exigir a valorização das carreiras e das profissões, a contratação de mais médicos e enfermeiros e a criação de condições para garantir mais consultas, mais exames e mais cirurgias asseguradas pelo SNS. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Local|
Utentes concentram-se junto ao Hospital de Portimão
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Utentes do SNS de Portimão lutam contra a degradação do Hospital
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«A perda das valências de Obstetrícia e Pediatria põem em causa os direitos das mulheres, das famílias e o progresso social» ao limitar o acesso à saúde e ao bem-estar num centro hospitalar que serve os concelhos de Albufeira, Lagoa, Silves, Portimão, Lagos, Monchique e Aljezur: uma população de mais de 213 mil habitantes.
Os utentes reivindicam, ao Governo PS, o direito «a nascer e ser cuidado no Hospital de Portimão», a colocação de todos os médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico, e outros profissionais em falta nos quadros do SNS, a recuperação e melhoria de todos os serviços e valências na cidade e a «construção célere» do há muito prometido Hospital Central do Algarve.
É necessário que o Ministério da Saúde «atenda às justas reivindicações laborais e salariais dos profissionais de saúde» e proceda a um «levantamento das necessidades de cuidados de saúde da população do Algarve, com vista à apresentação de um plano integrado da reorganização dos serviços públicos de saúde, ao nível dos cuidados primários de saúde, cuidados hospitalares e cuidados continuados integrados, envolvendo na sua definição os contributos dos utentes, dos profissionais de saúde e das autarquias».
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