O fecho das maternidades tem afetado os utentes por todo o país, não sendo diferente no Algarve onde o encerramento do bloco de partos, de obstetrícia e de pediatria no Hospital de Portimão concentrou os cuidados em Faro durante o mês de Agosto.
O problema é persistente e vem a agravar-se ano após ano, colocando em risco a saúde e a vida das mulheres e crianças da região. Diante essa situação, a Comissão de Utentes do Serviço Nacional de Saúde de Portimão redigiu uma moção de denúncia que será entregue à presidência da República, ao Governo, à Assembleia da República, aos seus grupos parlamentares e à Unidade Local de Saúde do Algarve.
Num comunicado, os utentes classificam o contínuo processo de destruição do SNS via encerramento das maternidades como uma «expressão de violência institucional». A falta dos serviços em Portimão, obriga aqueles utentes, que não tem alternativa, a «percorrem dezenas e centenas de quilómetros até chegarem ao Hospital de Faro, sendo grandes os constrangimentos já sentidos nos serviços deste hospital, devido à receção das grávidas de todo o Algarve e Baixo Alentejo», afirma a comissão.
De acordo com a mesma, é urgente o reforço das equipas hospitalares através da contratação de médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos superiores; do investimento adequado ao SNS; e o reforço aos cuidados primários e nas maternidades que garantam um acompanhamento seguro da gravidez, do parto e do pós-parto.
No documento, os utentes destacam ainda a sua solidariedade e apoio à luta dos trabalhadores da saúde, que tem vindo a intensificar nos últimos meses. Há alguns dias, os médicos da FNAM prolongaram a greve às horas extraordinárias até ao final do ano em apelo à concretização das medidas de emergência no SNS. Enquanto isso, os enfermeiros estiveram em uma sequência de greves pelo país dinamizadas pelo SEP, reivindicando um melhor SNS, mas também medidas específicas em cada hospital em greve.
A denúncia aborda também uma dimensão mais ampla dos problemas na saúde, e encara o estrangulamento e desmantelamento do SNS como uma escolha política dos governos. A comissão afirma que «o anterior Governo já apostava na sua destruição e este, o que apenas tem feito, é acelerar essa destruição» e encara como vergonhosos os comentários do «empurra responsabilidades» daqueles que «governaram e governam, a reboque dos interesses dos privados que se dedicam ao negócio da doença».
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