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Acordo com PS ou PSD? Para o PAN tanto faz

André Silva, entrevistado esta manhã no Fórum da TSF, admitiu que o seu partido estará disponível para se entender tanto com Rui Rio como com António Costa, consoante o quadro pós-eleitoral.

António Costa, André Silva e Rui Rio, líderes, respectivamente, de PS, PAN, e PSD no debate promovido pelas rádios Antena 1, Renascença e TSF. Lisboa, 18 de Setembro de 2019 CréditosMANUEL DE ALMEIDA / Agência LUSA

O deputado do PAN designou como «maturidade política» a disponibilidade demonstrada em entender-se tanto com o PS como com o PSD, não colocando nenhuma objecção a celebrar acordos em vários espectros político-partidários e ideológicos.

André Silva afirmou ainda que não há «acordos sensatos sem papéis escritos», colocando em cima da mesa, desde já, a forma pela qual deseja formalizar concordâncias pós-eleitorais, as quais, diz, «serão feitas orçamento a orçamento».

Não é de agora a autoclassificação do PAN como partido de matriz «pós-ideológica», sugerindo que o mesmo se quer posicionar acima de quaisquer ideologias e referências ético-morais.

Para evidenciar a sua disponibilidade de se entender com sociais-democratas, dá o exemplo de que o seu partido terá votado favoravelmente 60% das propostas do PSD nesta legislatura. E acusa o PSD de se querer afastar do PAN por só ter votado 20% das suas.

Na página da Assembleia da República pode ainda verificar-se que o PAN votou também ao lado do PS em cerca de 60% dos diplomas deste partido.

Neste sentido, fica evidente que a sua «não-ideologia» casa bem com entendimentos com os principais responsáveis pela governação do País nas últimas décadas.

De facto, tanto o PS como o PSD, sempre que se viram de «mãos [completamente] livres», pouco ou nada fizeram em matéria de confrontação dos grandes interesses económicos com as suas opções de predação da natureza e do ambiente.

Aliás, desde a Revolução de Abril, são eles que, juntamente com CDS-PP, têm sido responsáveis pelos problemas estruturais do País, como o desinvestimento nas funções sociais do Estado, sucessivas alterações que agravam os direitos dos trabalhadores ou a alienação de importantes parcelas de soberania e de produção nacional.

É com eles, e com a sua política, que o PAN parece querer entender-se. André Silva nada diz sobre os partidos que foram determinantes para travar as medidas gravosas deste rumo de décadas, e que foram imprescindíveis para repor direitos e rendimentos no quadro da legislatura que agora termina, deixando antever que a sua «pós-ideologia» pode afinal ter componentes e referenciais ideológicos.

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