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CDS insiste em falar do incentivo à natalidade, que atacou quando era governo

A presidente do CDS-PP anunciou uma proposta de alargamento da licença de parentalidade a incluir no programa eleitoral, tentando fazer esquecer a política que aplicou de empobrecimento das famílias.

É notória a responsabilidade de ambos os partidos no que diz respeito ao empobrecimento das famílias portuguesas. CréditosMiguel A. Lopes / Agência Lusa

Em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, Assunção Cristas lembrou que esta medida não é uma novidade, uma vez que o seu partido propôs já nesta legislatura «o alargamento da licença de parentalidade para 210 dias», podendo abranger também os avós. Questionada sobre o pagamento durante esse período, Cristas remeteu para mais tarde. «Isso depois veremos», declarou.

Atirando uma farpa ao PSD, os centristas afirmaram que, enquanto «uns olham para o problema despejando dinheiro em cima dele, nós temos propostas concretas», referindo-se à dos sociais-democratas de atribuir às famílias 10 mil euros por cada filho.

Confundidos entre esta troca de galhardetes, poderíamos ser levados a esquecer o passado recente de responsabilidades de ambos os partidos no que diz respeito ao empobrecimento das famílias portuguesas.

Parecem querer escrever uma história em matéria de políticas de incentivo à natalidade e de apoio à família numa folha em branco, procurando apagar um passado em que, enquanto governo ou no quadro parlamentar, executaram uma política de retirada de direitos, destruição de serviços públicos e afundamento económico do país. Se não vejamos. 

Foi o governo do PSD com o CDS-PP que eliminou os 4.º e 5.º escalões do abono de família e que reduziu os montantes pagos, sendo depois congelados até ao ano de 2016. Cerca de 650 mil crianças perderam o direito ao abono e cerca de 80% sofreram alterações desfavoráveis na atribuição da prestação. 

Foi o governo do PSD com o CDS-PP que alterou a legislação laboral no sentido de retirar direitos aos trabalhadores e facilitar a exploração por parte do patronato, promovendo o empobrecimento de largas camadas da população – os pais, avós e familiares das crianças que dizem querer proteger.

Foi o governo do PSD com o CDS-PP que, contra o sentido do progresso e desenvolvimento, promoveu o aumento dos horários de trabalho e a sua desregulação, que eliminou feriados e dias de férias.

Foi o governo do PSD com o CDS-PP que quis ir mais longe que a troika, que facilitou os despedimentos, que destruiu meio milhão de postos de trabalho, que fez a taxa de desemprego atingir níveis astronómicos e que, não satisfeito, ainda veio dificultar o acesso e cortar o valor do subsídio de desemprego, bem como diminuir o alcance de outras prestações e apoios sociais.

Foi o governo do PSD com o CDS-PP que congelou e cortou os salários dos pais destas crianças (por exemplo, mantendo o salário mínimo congelado em 485 euros desde 2011).

Foi o governo do PSD com o CDS-PP que obrigou pais, tios, irmãos e avós a emigrar. Os mesmos partidos que congelaram e cortaram as reformas dos avós (e que planeavam aplicar-lhe mais um corte de 600 milhões de euros) e os mesmos partidos que retiraram o passe escolar a milhares de crianças e que encerraram centenas de escolas por todo o país.

Já nesta legislatura, os votos do PSD e CDS-PP contribuíram para chumbar propostas de alargamento das licenças de maternidade e paternidade (designadamente apresentadas pelo PCP e pelo PEV) afirmando que se tratavam de propostas irresponsáveis, irrealistas e pouco ponderadas, que apoiar não implicava dar apoio económico e que se deveria era aprofundar a «responsabilidade social» das empresas.

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